Conhecendo o livro dos Salmos 149 – “Louvor da assembleia dos fiéis”

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Conhecendo o livro dos Salmos 149 – “Louvor da assembleia dos fiéis”

O Salmo 149 inicia com um hino de louvor. De fato, são sete os verbos desse campo semântico: “cantar, alegrar-se, exultar, louvar,  cantar hinos, aclamar, festejar”. O clímax se alcança no v. 4. quando se expõe a razão de tanta alegria: “porque o Senhor ama o seu povo, coroa os humildes de vitória”. A partir do v. 5, o salmo entoa o cântico bélico dos justos, que desde os seus leitos, isto é, desde cedo quando se levantam (cf. Dt 6,7), devem estar prontos para brandir a espada da justiça, contra os inimigos que atentam contra o povo e os humildes.

 O convite a entoar um “cântico novo” (cf. 33,3; 40,4; 96,1; 98,1; 144,9), indica que uma nova situação parece ter-se instaurado. É para o Senhor que eles cantam, o “criador” e “rei” (v. 2), e os cantores são os “hassidim” (os justos, os leais, os fiéis), bem como Israel, os “Filhos de Sião”, o “seu povo”, os humildes.

Particular no salmo, de fato, é a “assembleia dos hassidim” (v. 1.5.9), expressão que se encontra no livro dos Macabeus em um contexto próprio de batalha: “Uniu-se então a eles o grupo (“a assembleia”) dos hassidim, israelitas aguerridos, todos apegados à Lei” (1Mc 2,42). Por essa razão, o salmo parece situar-se no contexto de exultação dos patrióticos macabeus que combatiam pela soberania de Israel no séc. II a.C. No entanto, não se exclui uma leitura escatológica e messiânica, apontando para a batalha no final dos tempos, convidando a posicionar-se com Deus na luta contra o mal e a injustiça, apelando a associar-se ao louvor e ao empenho dos justos que possuem como única glória (v. 9) aquela de colaborar ao projeto de paz e de amor que Deus está realizando na nossa história.

Devido à sua linguagem militar, não raro foi usado em contextos de guerra. Jesus, porém, não aceita a violência, e ordena a Pedro embainhar sua espada quando é aprisionado (Mt 26,52-54). Em S. Paulo, a armadura do cristão é feita de fé, amor, paz, justiça (1Ts 5,8; Ef 6,14-17). Nosso combate é contra o mal, na oração (Rm 15,30). A Palavra, essa sim, é uma “espada de dois gumes” (Hb 4,12). Eusébio de Cesaréia diz que a espada do cristão é a pregação do Evangelho.

Leia o salmo e reflita:

1) Por que razão o salmo convida ao louvar?

2) Como o cristão interpreta a linguagem militar desse salmo?

Por Pe. Gilson Meurer

Artigo publicado na edição de maio/2018, nº 245, do Jornal da Arquidiocese, página 08.

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