Em gratidão ao Pe. Ney, respeitosamente assumimos seu legado de analisar o livro dos Salmos.
Quando rezamos as ladainhas, somos envolvidos pelo seu ritmo e reconhecemos com que facilidade memorizamos suas linhas. O Sl 136 (135), é uma profissão de fé, uma síntese bíblica em forma litânica que expõe progressivamente as bondosas ações de Deus, sobretudo de criar e de libertar. É um hino litúrgico de louvor e agradecimento ritmado pelo refrão: “porque eterno é seu amor!” (26 vezes), recitado/cantado pela assembleia, em alternância com o solista.
A sua estrutura é concêntrica: começa com o convite a louvar ao Senhor (vv. 1-3), louva-O pela criação (4-9); pela libertação do Egito (10-15); pelo Êxodo e ingresso na terra prometida (10-22); pela libertação do Exílio (23-25); e termina de novo com o convite a louvar ao “Deus do céu” (26). Essa construção circular e a repetição reforçam o caráter de “continuidade, constância” e “eternidade” explicitados no refrão. Assim, conteúdo e forma se harmonizam graciosamente nesse salmo.
O termo hebraico Hesed (“amor”) é conhecido pela sua ampla polissemia, podendo significar “amor, graça, bondade, ternura, fidelidade, misericórdia”, todas expressões justas para exprimir a ação de Deus.
Esse salmo entrou no calendário judaico da Páscoa, do Ano Novo e da Festa das Tendas, de fato, ocasiões propícias para recordar os feitos do Senhor e se encher de esperança no futuro, “porque seu amor é eterno”.
Leia o salmo e reflita:
1) Qual impacto provoca uma ladainha?
2) Quais os motivos de louvor expressos pelo solista?
3) Trata-se de apenas uma recordação do passado ou abre à esperança?
Artigo publicado na edição de março/2017, nº 232, do Jornal da Arquidiocese