Colossenses: correção da falsa mística (parte 1)

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Colossenses: correção da falsa mística (parte 1)

Iniciamos a análise da carta de São Paulo aos Colossenses. A cidade de Colossos (atual Honaz, na Turquia ocidental) situa-se no vale do rio Lico. No primeiro século, era famosa pela lã cor de colossino (tonalidade rosa-escuro própria da flor ciclame), que deu nome à cidade e lhe trazia prosperidade. Uma população eminentemente pagã, mas com presença judaica, em razão da transferência da Mesopotâmia para aquela região de 2.000 famílias por Antíoco em 213 a.C. (Josefo, Ant. 12,148-153). Ela ficava na estrada geral que interligava o mar Egeu à Índia, por onde São Paulo deve ter passado sempre que partia de Antioquia em direção ao oeste. Mas ele nunca visitou essa cidade (Cl 2,1). Certamente que ele não podia parar em qualquer vilarejo, mas concentrava-se em cidades maiores, onde circulavam pessoas que depois se tornavam apóstolos em suas próprias cidades, entre os amigos e familiares. Provavelmente Epafras de Colossos (4,12) deve ter conhecido São Paulo e se convertido quando veio a Éfeso para negócios, e enviado de novo à casa para evangelizar os seus (1,7; 4,13).

Pelos idos dos anos 53-54, São Paulo estava encarcerado em Éfeso e foi visitado pelo seu amigo Epafras que lhe trouxe notícias boas e ruins de Colossos. As boas diziam da fé, da esperança e do amor que cresce e se fortalece entre os colossenses, produzindo cada vez mais frutos de boas obras e conhecimento de Deus (1,4-8). São Paulo rende graças a Deus por esses dons do Evangelho (1,3-14). As ruins diziam de uns falsos mestres que se infiltraram na comunidade e estavam desviando a fé com doutrinas estranhas ao Evangelho. Esses falsos mestres pregavam um sincretismo religioso, misturando elementos cristãos, judaicos e pré-gnósticos, mascarados por práticas externas de cunho místico-ascético, na base da abstinência de certos alimentos e bebidas e uma estreita observância de festividades judaicas (2,16ss), promovendo um mal-entendido e temeroso culto dos anjos (2,18), e uma severa mortificação do corpo (2,23), como um modo de elevação espiritual.

Em resposta a esse problema, São Paulo lavra a “carta aos Colossenses”, na qual enaltece Cristo acima das criaturas (também as espirituais) e único redentor e salvador da humanidade. A carta se estrutura em Introdução (1,1-14); parte Dogmática-polêmica (1,15–3,4); parte Exortativa (3,5–4,6) e Epílogo (4,7-18). Na próxima edição, apresentamos o seu conteúdo.

Por Pe. Gilson Meurer

Artigo publicado na edição de novembro de 2019 do Jornal da Arquidiocese, página 08

ColossensesConhecendo as cartas de São PauloPe. Gilson Meurer

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