Carta aos Hebreus (Hb): o sacerdócio eterno de Cristo

>
>
Carta aos Hebreus (Hb): o sacerdócio eterno de Cristo

A Carta aos Hebreus encerra a lista de cartas de São Paulo e, embora muito se pergunte sobre seu autor, especialmente em razão da distância de estilo em relação aos demais textos paulinos, desde a antiguidade ele é associado a Paulo, seja pelas saudações e notícias finais no seu encerramento (13,22-25), seja pela proximidade de ideias com o apóstolo. Se se trata de um São Paulo mais maduro, capaz de mudar seu estilo e até mesmo seu vocabulário (124 palavras novas que não constam nos outros textos paulinos), ou se foi um secretário com certa liberdade de composição, ou um algum discípulo sob influência doutrinal paulina, certo é que o autor tem um estilo refinado, com frases estilizadas, elegância e pureza no uso da língua grega.

A nota final, “os da Itália vos saúdam” (13,24), sugere, entre outras coisas, algum lugar da península como local da composição. Carecemos, de fato, de uma indicação melhor que situe com precisão outro lugar. Estima-se os anos 60 como período de redação, pois fala do Templo e dos seus sacrifícios como realidade presente (8,4), não fazendo referência à sua queda acontecida no ano 70. Efetivamente, sendo um dos argumentos da carta a provisoriedade do culto mosaico, teria empregado o catastrófico evento como prova.

A cristologia está centrada no sacerdócio de Cristo, argumentando que, com a ascensão, o Senhor, Sumo Sacerdote, entrou definitivamente no santuário celeste e, sentado à direita do Pai, lá do alto vive para sempre para interceder por nós. Essa temática, não frequente nos outros escritos paulinos, mais focados no Cristo crucificado-ressuscitado, seria, então, meditação mais avançada do papel de Cristo após a Páscoa. Aparentemente foi essa a razão que o fez ocupar o final do corpus paulinum, que normalmente segue a ordem de extensão (do livro maior ao menor).

O esquema do texto pode ser assim apresentado:
Prólogo (1,1-4). Parte Dogmática: “Cristo, superior aos anjos” (1,5–2,18); “Cristo, sumo sacerdote fiel e misericordioso” (3,1–5,10); “o autêntico sacerdócio de Cristo” (5,11–10,39). Parte Parenética (exortativa): “exortação à fé” (c. 11); “exortação à perseverança” (12,1-13); “o fruto pacífico da justiça” (12,14–13,17). Epílogo (13,18-25).

Artigo publicado na edição de outubro de 2020 do Jornal da Arquidiocese, página 8.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

PODCAST: UM NOVO CÉU E UMA NOVA TERRA