Cavaleiro, santo, escritor, amigo, diplomata, mestre, sacerdote e, sobretudo, um peregrino. Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas), nasceu na Espanha em 1491 e morreu em Roma em 31 de julho de 1556. Em 1521, quando defendia a cidade de Pamplona, caiu gravemente ferido por uma bala de canhão e, durante a sua recuperação, motivado por algumas leituras que inicialmente não lhe faziam gosto, acabou tendo a sua vida mudada radicalmente. Essas leituras foram a porta de entrada para a sua conversão. A partir desse acontecimento, o jovem Inácio trilhará um caminho de descoberta da vida interior e da pessoa de Jesus Cristo.
Este homem de personalidade forte conseguiu, através de suas ações e palavras, atrair como um ímã as pessoas para Cristo e para a sua Companhia. Inácio foi canonizado em 1622, juntamente com Santa Teresa de Ávila, e os santos Francisco Xavier e Felipe Néri. Passados 500 anos da conversão de seu fundador e 400 anos de sua canonização, a Ordem dos Jesuítas celebra o seu Ano Inaciano, que é uma grande oportunidade para conhecermos o legado de Santo Inácio e trilharmos também nós um caminho de fé e conversão. A Santa Sé, por ocasião deste ano jubilar, concederá indulgência plenária aos fiéis que visitarem as igrejas da Companhia de Jesus durante todo o Ano Inaciano (20 de maio de 2021 a 31 de julho de 2022). É um convite aos cristãos para darem um passo particular que expresse o desejo de avançar em sua peregrinação espiritual.
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Mais recentemente, os papas São João Paulo II, Bento XVI e o também jesuíta, Papa Francisco, reconheceram e confirmaram a missão da Companhia de Jesus mundo afora. Ao final, quem sabe, poderemos repetir as palavras do Padre Antônio Vieira em seu sermão de Santo Inácio, em 1669: “admirável é Deus em seus santos, mas em Santo Inácio Deus é singularmente admirável”.
No dia 20 de maio de 2021, quando há 500 anos Inácio de Loyola caía ferido por uma bala de canhão enquanto defendia a cidade de Pamplona, a Companhia de Jesus e toda a família inaciana espalhada pelo mundo iniciaram a celebração do Ano Inaciano 2021-2022, com o tema “Ver todas as coisas novas em Cristo”. Esse tema traduz bem a experiência de Deus que Inácio teve, a partir da qual ele conseguiu uma profunda união com Cristo, o que lhe possibilitou ver como novas todas as coisas. Como nos convoca o Padre Arturo Sosa, Superior Geral dos Jesuítas, esta “é uma ocasião para pedirmos a graça de sermos renovados pelo Senhor, desejando descobrir em nós um novo entusiasmo interior e apostólico, uma vida nova e novos caminhos para seguir o Senhor”.
Passados pouco mais de 200 anos após a sua aprovação, a Companhia de Jesus viveria um dos momentos mais delicados de sua história. O Papa Clemente XIV, movido sobretudo por questões políticas, publicou o breve Dominus ac Redemptor, em 1773, suprimindo a Companhia de Jesus na Europa e em seus domínios. A Companhia, então, se refugiou na Rússia da czarina Catarina, que se recusara a publicar em seus territórios o breve papal. O espírito inaciano se manteve apesar dos mais de dois séculos de atividades e vigor apostólicos interrompidos. A restauração da ordem aconteceria apenas em 1814, através da bula Sollicitudo omnium ecclesiarum do Papa Pio VII.
Frater Carlos Cesar Barbosa, SJ