Amazônia e conversão integral

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Amazônia e conversão integral
Foto: national geographic

O documento final do Sínodo da Amazônia inicia com a sugestão de São Paulo VI: “Cristo aponta para a Amazônia”. E sugere que os discípulos missionários de Cristo vivam uma conversão integral, “uma conversão profunda de nossos esquemas e estruturas a Cristo e a seu Evangelho” (n. 5), “conversão que nos leve a ser uma Igreja em saída que entre no coração de todos os povos amazônicos” (n. 18).

Conversão pastoral
Toda a Igreja, em todo o mundo, sobretudo nos países mais envolvidos, é chamada a voltar-se para a Amazônia. Para isso, é preciso tornar-se uma Igreja em saída missionária, samaritana, misericordiosa, solidária, para acolher a diversidade daqueles povos e culturas. Uma Igreja em diálogo ecumênico, inter-religioso e cultural. Uma Igreja indígena, que assuma o rosto dos povos amazônicos.

Conversão cultural
Trata-se de valorizar a cultura dos povos amazônicos, na inculturação da piedade popular, da catequese, da liturgia, da teologia, reconhecendo que “o pensamento dos povos indígenas oferece uma visão integradora da realidade, que é capaz de compreender as múltiplas conexões existentes entre os seres criados” (n. 44). Uma visão que contrasta com a corrente dominante da cultura ocidental, que tende a fragmentar e dividir a realidade das pessoas e comunidades.

Conversão ecológica
É preciso enfrentar a exploração ilimitada da ‘casa comum’ e de seus habitantes, superando o extrativismo predatório, a lógica da ganância, o paradigma tecnocrático, o consumismo desenfreado. É urgente encontrar novos modelos de desenvolvimento justo, solidário e sustentável, “combinando conhecimentos científicos e tradicionais para empoderar as comunidades tradicionais e indígenas, em sua maioria mulheres, e fazer que essas tecnologias sirvam ao bem-estar e à proteção das matas” (n. 71).

Conversão sinodal
A Igreja descobre-se cada vez mais como povo em caminho, que se dispõe a ouvir todas as realidades, sobretudo as mais pobres e periféricas, para em conjunto debater e tomar decisões sobre questões que dizem respeito a todos. São urgentes novas estruturas sinodais, que facilitem a participação de todos, homens e mulheres, leigos, religiosos e ministros ordenados. “O exercício da sinodalidade reforça os vínculos espirituais e institucionais, favorece o intercâmbio de dons e ajuda a projetar critérios pastorais comuns” (n. 113).

Pe. Vitor FellerSínodo para a Amazônia

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