A polarização, infelizmente, ganhou espaço no Brasil e no mundo, atingindo outros setores além da política partidária. Hoje atinge relações familiares, econômicas, amizades, ambientes de trabalho e também na Igreja.

Ao olhar o Brasil além da polarização, é possível perceber que a insegurança alimentar hoje atinge 61,3 milhões, praticamente três em cada dez habitantes do país, de acordo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Esse aumento reflete com o da desigualdade social, onde 1% dos mais ricos concentram 49,6% de toda riqueza do país, colocando o Brasil na triste marca de sétimo país mais desigual no mundo.

Há uma necessidade de construir outras relações, mais fraternas e solidárias, menos doentias e violentas. O Papa Francisco destaca que é preciso “construir a amizade social tão necessária a uma boa convivência”, amizade essa que pode servir de ponte para continuar a criar uma cultura do encontro, que nos aproxime, sobretudo, dos que estão nas periferias, os pobres e vulneráveis.

Para o Papa Francisco “o dialogo social autêntico pressupõe a capacidade de respeitar o ponto de vista do outro, aceitando a possibilidade de conter certas convicções ou interesses legítimos” (FT 203).

Abrir-se ao diálogo é viver além da polarização e dar lugar ao respeito, sem querer destruir o outro. Só através do dialogo, diz o papa, é possível escapar das constantes polarizações e inimizades sociais que destroem tantas relações. O papa exorta “especificamente os católicos e todas as pessoas de boa vontade a construir um tipo melhor de política, a serviço do bem comum”. Somos convocados a construir o Brasil além da polarização, onde possa prevalecer a solidariedade, fraternidade, justiça, diálogo e a amizade social, sinais do Reino de Deus.

Por Fernando Anísio Batista
Secretário executivo da Ação Social Arquidiocesana