Comunidade e encarnação – Por Pe. Vitor Feller

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Comunidade e encarnação – Por Pe. Vitor Feller

No Natal celebramos a solenidade da encarnação de nosso Deus. A Palavra eterna do Pai, o Filho amado gerado pelo Pai desde toda a eternidade, entra em nossa história humana, fazendo-se carne no ventre de Maria e assumindo a nossa condição humana. Em tudo igual a nós, menos no desumano do pecado (Hb 4,15).

O mistério da encarnação

Em sua encarnação, assumiu tudo o que é humano, coisas boas e ruins: crises e esperanças, decepções e alegrias, tentações e vitórias, morte e vida. Assumiu para redimir. Este é o processo de nossa caminhada de fé e do anúncio do Evangelho: que o Evangelho precisa ser inculturado, para assumir tudo o que é humano e transformá-lo na dinâmica da vida nova em Cristo.

Comunidades encarnadas

Como a Palavra de Deus feita carne em Jesus de Nazaré, também nossas comunidades são convocadas a se encarnar em nossas realidades sociais e culturais, em nossos bairros, periferias e cidades, na vida de nossos povos. Na exortação apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco ensina que cada comunidade e paróquia “é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração” (EG n. 28). Cada comunidade assume o jeito de ser e viver, de cantar e sofrer, de amar e lutar, o jeito de ser de seu povo. Isso é encarnação, inculturação.

Difícil encarnação

Em seu processo de encarnação, as comunidades são o sacramento da Palavra, da Liturgia e da Caridade da Igreja. O documento 100 da CNBB – “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia” – reconhece: “Há séculos a paróquia tem sido a presença pública da Igreja nos diferentes lugares. Ela é referência para os batizados”. E lembra a dificuldade atual para que essa inculturação continue acontecendo em nossos tempos. “Sua configuração social, entretanto, tem sofrido profundas alterações nos últimos tempos. A mudança de época da sociedade e o processo de secularização diminuíram a influência da paróquia sobre o cotidiano das pessoas” (n. 1).

Que o Natal do Senhor nos ensine a vencer desafios, para que nossas comunidades e paróquias sejam encarnadas e enraizadas na vida de nosso povo!

 

Artigo publicado na edição de dezembro/2015, nº 219, do Jornal da Arquidiocese.

Advento e NatalPe. Vitor Galdino Feller

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