A Festa da Exaltação da Santa Cruz, em 14 de setembro, nos recorda que a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo está no centro da nossa fé, pois, por ela, Jesus venceu a nossa morte e passou à ressurreição. São Paulo exclama: “Quanto a mim, não aconteça gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14).
Mas, o que é a cruz? Em si mesma, ela é um terrível escândalo, resultado de uma injustiça miserável. Nela está significada toda a cruz do mundo e da humanidade: a cruz do inocente que sofre, dos pobres, dos sem nome, sem vez nem voz. Assim, a cruz não é um ornamento qualquer, mas uma parábola impressionante e dolorosa! E, no entanto, Jesus diz que era necessário passar pela cruz: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado” (Jo 3,14). Palavra impressionante, confirmada após a ressurreição: “Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso e assim entrasse na sua glória?” (Lc 24,26).
Por que no caminho do Cristo e do cristão tem que estar a cruz? Para mostrar-nos até onde o pecado nos levou e até onde o amor de Deus está disposto a ir por nós. Ele nos leva a sério e nos é solidário. Ele não explica o sofrimento; mas silenciosamente, toma-o sobre os ombros, sofre conosco até o mais baixo da humilhação, da solidão e da dor: “Ele esvaziou-se de si mesmo, assumindo a condição de escravo (…) humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,7).
Contemplando a cruz, vemos que Deus não é indiferente e frio ante o sofrimento do mundo, mas sofre conosco, é Deus de “com-paixão”. É neste caminho de dor e amor que se abrem as portas para uma vida nova. Não há outro caminho para a glória, senão a cruz do Senhor. Ela é a árvore da vida! Por isso a cruz era necessária; por isso Paulo não queria gloriar-se a não ser na cruz de Jesus; por isso exaltamos o mistério da cruz!
Cabe a cada um de nós abraçarmos a nossa cruz em união com a cruz de Jesus, com os sofredores da humanidade, na fiel esperança da ressurreição. “Se alguém quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34).
Por Pe. Kelvin Borges Konz
Pároco da Paróquia Santa Cruz, Areias, São José