Ao justificar a escolha do seu nome, o papa Leão XIV fez referência ao papa Leão XIII, que, no governo da Igreja entre 1878 e 1903, deu início ao que hoje se chama Doutrina Social da Igreja. Na encíclica Rerum Novarum (1891), ao tratar dos grandes problemas trazidos pela Revolução Industrial do final do século 19, o papa chama a atenção à grande massa de operários explorados pelo incipiente capitalismo selvagem. Agora, o papa Leão XIV lembra outra grande revolução a ser enfrentada, a inteligência artificial, como um dos principais desafios do mundo hoje. O que diz a Igreja sobre isso?
Francisco e a inteligência artificial
O Papa Francisco abordou diversas vezes o tema da inteligência artificial. Ele reconhece o potencial da inteligência artificial para o progresso em áreas como medicina, combate à pobreza e promoção da sustentabilidade ecológica. Mas alerta para os riscos de manipulação pública, desinformação, interferência em processos eleitorais, perda da capacidade humana de decisão e criação de “poluição cognitiva” através de notícias falsas e deepfakes. Ele enfatiza a necessidade de uma abordagem ética centrada no ser humano, de modo a garantir que ela sirva ao bem comum e não aumente desigualdades. Por isso, ele questiona se a inteligência artificial está realmente servindo ao bem-estar da humanidade ou apenas beneficiando grandes empresas tecnológicas.
Leão XIV e a inteligência artificial
No início de seu pontificado, o recém-eleito papa Leão XIV, referindo-se à encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, disse: “Em nossos dias, a Igreja oferece a todos o tesouro de seu ensino social em resposta a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos no campo da inteligência artificial, que colocam novos desafios para a defesa da dignidade humana, justiça e trabalho”. Ele afirmou ainda que o avanço da inteligência artificial eleva o risco de transformar as relações entre humanos em algoritmos. Nesse sentido, ele demonstra grande preocupação com o avanço da inteligência artificial, especialmente em relação ao seu impacto na sociedade e na fé. Em seus discursos e declarações, ele tem alertado sobre os riscos da inteligência artificial para o desenvolvimento intelectual, espiritual e ético dos jovens, além de destacar a importância de uma abordagem responsável e ética no desenvolvimento e uso da tecnologia.
