Havia em Portugal uma Ordem religiosa chamada “Ordem da Milícia de Jesus Cristo”, ou, mais popularmente, “Ordem de Cristo” (constituída com os espólios da Ordem dos Templários). Foi aprovada pelo Papa João XXII a 14 de março de 1319. Com o tempo, o Rei de Portugal tornou-se seu Mestre, dispondo de seus membros e de seus bens.
Em 7 de Junho de 1454, o Rei Dom Afonso entregou a essa Ordem a jurisdição espiritual nas terras que Portugal conquistara ou conquistasse. O Papa Calisto III confirmou esta disposição a 13 de março de 1455.

Este tipo de jurisdição chama-se “Padroado”. Em poucas palavras: a Ordem de Cristo era responsável pela vida religiosa das terras pertencentes a Portugal. Sendo o Rei seu Grão-Mestre, será ele o “Papa”, se assim pode se dizer, da Igreja nas terras de seus domínios.

Quando o Brasil foi conquistado, ficou sob o governo da Vigararia de Tomar, sede da Ordem de Cristo. Esta Vigararia foi suprimida e, a 12 de junho de 1514, foi criada a Diocese de Funchal, na Ilha da Madeira. Permaneceu o Brasil sujeito a essa Diocese (Arquidiocese em 1533) até 25 de agosto de 1536, retornando ao Governo da Vigararia de Tomar.

O Rei de Portugal, muito esperto, conseguiu suprimir essa Vigararia, incorporou a Ordem de Cristo à Coroa Portuguesa e, oficialmente, a 30 de dezembro de 1551, o Papa Júlio III entregava à Ordem de Cristo – o que significa, ao Rei de Portugal – todas as terras portuguesas. Um pouco antes, o Rei Dom João III tinha solicitado ao Papa a criação de uma Diocese em terras brasileiras.

Fonte: Pe. José Artulino Besen – Jornal da Arquidiocese, Janeiro/2007, Pág. 09