Junho será histórico para a comunidade católica de Brusque e região: neste mês, o Convento Sagrado Coração de Jesus comemora 100 anos. Fundada em 3 de junho de 1924, há um século a casa desempenha um papel importante na formação de padres e religiosos vindos de todo o Brasil.
E essa jornada centenária é compartilhada com duas instituições educacionais da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus: o Colégio e a Faculdade São Luiz.
“As três instituições educacionais (convento, colégio e faculdade) são irmãs, pois se unem na busca pela verdade e pelo conhecimento, desempenhando um papel vital, tão caro a padre Dehon, no compromisso com a formação integral das nossas crianças, adolescentes, jovens e, desses jovens, aqueles que almejam à vida religiosa/sacerdotal”, destaca o diretor do Colégio e Faculdade São Luiz, padre Silvano João da Costa.
Ele ressalta que a unidade entre o Convento, o Colégio e a Faculdade é um testemunho da força que reside na colaboração e na solidariedade. “Juntos, compartilhamos uma visão comum do carisma dehoniano: o amor e a reparação na busca da excelência acadêmica e formativa, enraizada nos valores éticos e espirituais que moldam não apenas nossos estudantes, mas também a sociedade em que vivemos”.
União das instituições
O diretor do Convento, padre Zaqueu Suczeck destaca a contribuição da casa de formação para a Faculdade São Luiz. Ele explica que na década de 1930, o convento passou a receber frateres, que precisavam estudar Filosofia, o que deu origem ao curso da Faculdade São Luiz, o mais antigo de Santa Catarina.
“O curso tem uma ligação muito forte com o Convento, porque até 1986, as aulas de Filosofia eram aqui dentro. Só depois que passou para o espaço onde hoje é a Faculdade São Luiz”, lembra.
Padre Silvano ressalta que muitos religiosos que trabalharam no Colégio e Faculdade São Luiz foram acolhidos no convento, como hoje ainda acontece. Entre os vários sacerdotes que já passaram pelas três instituições, destaque para padre Roberto Bramsiepe, responsável pela aula inaugural do primeiro curso superior em Santa Catarina: o de Filosofia, ministrado nas dependências do convento.
Padre Silvano também lembra de padre João da Cruz Stuepp, denominado pelo padre Elói Dorvalino Koch, como o “insigne mestre do Convento”, fundador da Escola Técnica de Comércio São Luiz e um dos responsáveis pela instalação do Senac em Brusque, em 1952, e ainda padre Orlando Maria Murphy, que teve grande importância para a educação de Santa Catarina, fundador da Escola Superior de Estudos Sociais, hoje Unifebe, e primeiro diretor do hoje, Colégio São Luiz.
Padre Zaqueu cita ainda a figura de padre Léo, fundador da Comunidade Bethânia, em São João Batista, e que hoje está em processo de beatificação. Ele foi uma das centenas de religiosos que marcou história no Convento e no Colégio São Luiz, onde ocupou os cargos de diretor pedagógico e diretor geral da instituição na década de 1990.
“Duas missões, apostolados diferentes, mas unidos no mesmo ideal: ‘instaurar o Reino de Deus nos homens e na sociedade’. Podemos dizer que temos trabalhado de mãos dadas, nutrindo uma relação simbiótica que enriquece mutuamente nossas instituições. É por meio dessa comunhão que tentamos capacitar nossos estudantes a se tornarem líderes compassivos, intelectuais críticos e agentes de mudança em um mundo que muitas vezes clama por esperança e orientação”, destaca padre Silvano.
O Convento
A história do convento inicia em 1903, quando os sacerdotes Dehonianos, que formam a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, então presentes na França, Bélgica e Alemanha, chegaram ao Brasil. Atendendo ao pedido do fundador da congregação, padre João Leão Dehon, missionários alemães foram enviados para contribuir nas colônias alemãs no Sul do Brasil. Brusque foi escolhida como o primeiro local de trabalho, tornando-se o centro da missão Dehoniana na região.
“Falamos do Sul do Brasil porque em 1894, os padres dehonianos da Holanda já tinham chegado em Recife, no Nordeste. Então eles foram os pioneiros no país. Só em 1903 os dehonianos alemães chegaram aqui”, explica o padre Zaqueu Suczeck, diretor do Convento Sagrado Coração de Jesus.
A ideia de construir um seminário em Brusque começou a tomar forma em 1906, após a visita de padre Dehon, que incentivou a continuidade da missão. “Naquele momento já se configurou a ideia de construir um seminário para acolher os jovens aqui no Brasil. Mas com a escassez de recursos, esse sonho foi adiado até 1923”.
A construção do seminário se tornou realidade por iniciativa do padre Germano Brand. O lançamento da pedra fundamental ocorreu em 12 de setembro de 1923, nos fundos da igreja Matriz São Luís Gonzaga. “Naquela época, os padres da paróquia se locomoviam de cavalo e o seminário foi construído no espaço onde era a pastagem dos animais”, conta padre Zaqueu.
A inauguração aconteceu no dia 3 de junho de 1924, dando início ao primeiro grupo de seminaristas em Brusque. “Inicialmente, o seminário era chamado de Colégio Sagrado Coração de Jesus, pois o colégio não tinha a conotação de escola, como conhecemos hoje, era algo mais ligado ao ensino eclesiástico, dos seminaristas”.
Até 1932, o convento funcionou como Seminário Menor, acolhendo crianças a partir de 10 anos, que vinham de diversos lugares do Estado. Naquele ano, o seminário menor foi transferido para Corupá, e o local passou a ser o noviciado até 1945, retornando entre 1952 e 1956. Com o aumento no número de religiosos acolhidos, em 1937 teve início a construção de um novo prédio. A inauguração foi em 1939, e o local ficou conhecido como Convento 2. “Era uma construção muito bonita, com arcos próprios, mas durou pouco tempo. Por ser de madeira, a estrutura foi tomada por cupins e a manutenção não era simples como hoje. Em 1969 iniciou a construção do terceiro convento, que é a casa que temos atualmente, inaugurada em 1972”, relembra padre Zaqueu.
Logo, o convento também ficou pequeno e, em 1976, foi inaugurada a segunda edificação.
100 anos depois
A partir de 2003, o Convento Sagrado Coração de Jesus passou a acolher os seminaristas, e não mais os religiosos, permanecendo desta forma até hoje. No ano do centenário, a casa de formação conta com 17 seminaristas, sendo oito da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus e nove da Diocese de Criciúma. Junto com eles, seis padres vivem na casa. Três deles trabalham diretamente na formação: padre Zaqueu Suczeck, padre Fernando Teckler e padre Lucas Scheid. Já os padres Silvano João da Costa, Aléssio da Rosa e Luiz Carlos Berri atuam no Colégio e Faculdade São Luiz.
Texto: Ideia Comunicação
Fotos: Bárbara Sales/Ideia Comunicação