Artigo: Crise de Sentido, por Pe. Vitor Feller

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Artigo: Crise de Sentido, por Pe. Vitor Feller
Foto.: Anthony Intraversato/Unsplash

É voz comum entre nós que, entre as grandes questões que afligem hoje a humanidade, a crise mais fundamental que nosso mundo está enfrentando é a crise de sentido. Uma crise em duas vertentes: tanto da ausência de sentido como do conflito entre sentidos rivais.

Alegria e Felicidade

Em ambos os casos, parece ser evidente que nossa tarefa de crentes em Cristo é apontar para a superação desta crise. Mas, é impossível apontar para superações, sem a virtude da alegria e da esperança. De fato, para se poder refletir sobre graça e dom (o dom da revelação e a graça da fé), que se constituem como origem, sentido e fim de toda a vida cristã, é mais que útil um jeito de viver marcado pela alegria. A alegria de ter encontrado aquilo, ou melhor, Aquele que é o sentido de nossa vida. A alegria e a felicidade são o cerne da vocação de cada fiel cristão e fazem parte de nossa resposta à fome de sentido em nossa sociedade.

Fé e Razão

Esta alegria e felicidade não acontecem facilmente. São fruto da fé e do árduo trabalho de buscar a verdade, de lutar para entender, de alargar a mente. E isto numa sociedade que parece ter perdido a confiança na possibilidade de alcançar e experimentar a verdade e o sentido da vida. Em sua encíclica sobre a relação entre fé e razão, de 1998, o papa João Paulo II constata com inquietação: “A busca da verdade última aparece muitas vezes ofuscada”. Além de ocupar-se das realidades deste mundo, a filosofia moderna “parece ter-se esquecido de que o homem é sempre chamado a voltar-se também para uma realidade que o transcende”. E continua: “A razão, sob o peso de tanto saber, em vez de exprimir melhor a tensão para a verdade, curvou-se sobre si mesma, tornando-se incapaz, com o passar do tempo, de levantar o olhar para o alto e de ousar atingir a verdade do ser” (FR, 5).

 A Obscuridade de nossos tempos

Parece vivermos sob teto baixo, com uma viseira sobre nossos olhos, uma nuvem que nos impede de ver mais, de buscar mais. Daí a obscuridade de nossos tempos e sua crise de sentido. Nesse contexto, a beleza da vida cristã e o teste de nossa ação no mundo passam pela alegria e a esperança: Gaudium et spes. Com essas duas virtudes cristãs inicia-se a constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre a presença e a ação da Igreja no mundo contemporâneo. Eis aí uma boa dica para enfrentar a obscuridade de nossos tempos: voltar ao Concílio Vaticano II.

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