Artigo: Conhecer e Amar a Deus-Pai, por Padre Vitor Galdino Feller

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Artigo: Conhecer e Amar a Deus-Pai, por Padre Vitor Galdino Feller

Nosso conhecimento cristão de Deus se elabora numa perspectiva trinitária. Na comunhão trinitária, cada pessoa divina é total e plenamente Deus, cada uma é Deus a seu modo. Numa maneira única, real e relacional de ser Deus. Para nós, Deus-Pai é o Pai de Jesus Cristo.

Foto: Marc Olivier Jodoin/Unsplash

A graça da fé cristã

Desde os escritos do Novo Testamento até hoje, quando nós cristãos falamos de Deus, normalmente queremos designar a primeira dessas pessoas, o Pai. A palavra Deus é usada por todas as religiões quando falam de um ser absoluto, entidade suprema, bondade infinita, espírito perfeitíssimo, arquiteto universal, consciência cósmica. Não é preciso ser cristão para falar de Deus dessa maneira! Até em nossos meios cristãos, em nossas conversas, orações, depoimentos, estudos, muitas vezes a palavra Deus não designa nem o Pai eterno nem a Santíssima Trindade. Dessa maneira, poderemos estar vivendo e falando simplesmente como os que não têm a graça da fé cristã.

Chamar a Deus de Pai

Para chamar a Deus de Pai, é preciso ser cristão e viver como tal. Porque só aos seguidores e seguidoras de Jesus Cristo foi dada essa graça, essa revelação. Só nós temos a graça de chamá-lo de Pai, Abbá, papai. Jesus de Nazaré, o Filho eterno do Pai, ele mesmo Deus, feito homem, ensinou: “Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11,27). E ainda: “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (João 14,6). Tendo recebido este testemunho de Jesus de Nazaré sobre Deus-Pai, o evangelista João, ao iniciar seu Evangelho, declara: “Ninguém jamais viu a Deus(-Pai). Deus Filho unigênito que está no seio do Pai foi quem no-lo deu a conhecer” (João 1,18).

Amar a Deus-Pai

Só nós cristãos sabemos que Deus é Pai. Os membros de outras religiões poderão viver muito bem o amor fraterno, a justiça social, a busca da verdade. E, dessa maneira, poderão salvar-se. Poderão até ter uma relação mística com Deus-Pai. Mas sem conhecê-lo. E, portanto, sem poder amá-lo como convém, para a maior glória dele e para o melhor benefício espiritual deles. A nós foi dado conhecer o mistério da paternidade de Deus. Nós sabemos em quem acreditamos, “sabemos que somos de Deus” (1 João 5,19). É uma graça, à qual corresponde uma responsabilidade.

Dizemos “só nós”, não para nos fechar no particularismo. Mas para nos abrir ao amor universal. Pois, “a quem muito foi dado, dele se exigirá muito” (Lucas 12, 48).

Artigo publicado na edição 304 do Jornal da Arquidiocese, em setembro de 2023, na página 5.

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