Há pessoas que têm uma ideia falsa do Deus revelado ao povo de Israel. O Deus do Antigo Testamento é violento, sanguinário, vingativo. O Deus verdadeiro seria só o Pai de Jesus Cristo, bom e misericordioso, terno e compassivo.

Leitura Integral

Uma leitura integral das Sagradas Escrituras nos mostra que, desde o início, os livros do Antigo Testamento eram lidos nas comunidades cristãs e aceitos como Palavra de Deus. Não se separa o Antigo do Novo Testamento. Santo Agostinho (+430) dizia que o Antigo se torna patente e explícito no Novo.  E que o Novo estava latente, oculto, implícito no Antigo. Não é possível interpretar os ensinamentos de Jesus e sua concepção de Deus como Pai, sem o recurso ao Antigo Testamento. O Deus a quem Jesus chama de Pai é Javé, o Deus do povo de Israel. Numa leitura integral das Escrituras, o Antigo Testamento está cheio de tipos, figuras, símbolos, indicações que apontam para a plenitude da revelação em Jesus de Nazaré.

 Leitura Contextual

Os livros do Antigo Testamento foram escritos no decorrer de mil anos (1000 aC – 50 aC), e se referem a pessoas e acontecimentos desde 1800 aC. Por isso esses livros têm que ser lidos no seu contexto. É preciso perguntar-se: quem escreveu? Quando escreveu? Pra quem escreveu? Por que escreveu? O que quis transmitir? Há de se ver que há um progresso no conhecimento do ser e do agir de Deus, na medida em que se avança no tempo da redação das Escrituras. Textos mais antigos falam, sim, de um Deus violento, sobretudo com os estrangeiros e com os israelitas que eram infiéis à aliança. Refletem os condicionamentos culturais de uma época em que Javé era visto de maneira particularista, exclusiva e excludente: Javé é só de Israel. Por isso, arrasa com as nações que agridem o seu povo. Mais à frente, nos tempos dos profetas (anos 600-300 aC), fala-se de Deus como senhor de todo o universo, Deus de todos os povos, amigo de todos os que vivem no amor e na justiça.

Deus Misericordioso

Em toda a Escritura há um fio de ouro que vai costurando a história da revelação de Deus e da salvação do povo de Israel. Um fio de ouro sempre presente: Deus de ternura, compaixão e misericórdia. Deus dos pobres, das viúvas, dos órfãos e estrangeiros. Deus que rejeita o culto falso e prefere a prática da justiça e da misericórdia. Deus que quer a salvação para todos os povos. Essas ideias, recorrentes em todo o Antigo Testamento, vão se tornar claras e explícitas nas palavras e ações e relações de Jesus de Nazaré.