Artigo: Mistério Pascal, por Pe. Vitor Galdino Feller

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Artigo: Mistério Pascal, por Pe. Vitor Galdino Feller

Celebramos nestes dias o mistério pascal, isto é, a morte e a ressurreição de Jesus. Não existe morte sem ressurreição; se Jesus não tivesse ressuscitado dos mortos, seria vã a nossa fé, nem sequer haveria fé cristã. Tampouco existe ressurreição sem morte; quem ressuscitou não foi uma ideia, uma doutrina, uma lei moral; quem ressuscitou não foi um imperador, um general, uma autoridade que se julga acima de todos. Quem ressuscitou foi a vítima pascal, aquele que foi morto pelos adversários do Reino de Deus. Essa é a reviravolta que Deus-Trindade opera na história: ao mesmo
tempo em que na cruz Deus se entrega e assume a miséria do mundo, na ressurreição ele transforma o mal em bem, a morte em nova criação.

Obra de Sandro Botticelli

A entrega do Pai

Na cruz e na ressurreição, temos a entrega do Pai, que não poupa o seu Filho, mas o envia para a missão de anunciar o Reino; assim, o Pai julga o pecado do mundo, isto é, a rejeição do seu Reino na pessoa do seu Filho. Ao julgar o mundo pelo pecado do assassinato do Filho, o Pai não condena à morte os algozes, mas entrega-se como Deus misericordioso no seu amor pelo mundo. Ao
ressuscitar o Filho, o Pai indica que a morte do Filho valeu a pena; assim, é exaltada e dignificada a dedicação do Filho pelo Reino.

A entrega do Filho

As três entregas humanas, por Judas, pelo Sinédrio e por Pilatos, buscam desfazer-se do incômodo de Jesus, que centrou sua mensagem em falar de Deus-Pai e de seu projeto de vida para todos. Por isso, o Filho entrega-se a si mesmo. Ninguém tira a sua vida, ele a dá em oblação e na fidelidade à causa do Reino, isto é, à vontade do Pai. Ao mesmo tempo que se entrega ao seu Deus e Pai, oferece-se também a nós para que, permanecendo nele, tenhamos vida plena, e, entrando no seu seguimento, sejamos testemunhas de sua ressurreição e discípulos missionários de seu Evangelho.

A entrega do Espírito Santo

Ao morrer, Jesus entrega o Espírito Santo. Ele entrega ao Pai o Espírito que o Pai lhe havia dado, sobretudo na concepção, no batismo e na transfiguração, e que ele receberá de novo na ressurreição. O Espírito garante a unidade entre o Pai e o Filho, mesmo na maior alteridade e até distanciamento, como no abandono e na morte. Por isso, na força e poder do Espírito, o Pai ressuscita o Filho. E, por meio do Filho, derrama seu Espírito sobre toda a humanidade e toda a criação.

Artigo publicado na edição 299 do Jornal da Arquidiocese, em abril de 2023, na página 5.

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