O momento mais decisivo na vida de uma pessoa é o encontro com Deus. São experiências que marcam a vida e mudam o rumo da caminhada. Podemos verificar isto na vida dos patriarcas do povo de Israel. A manifestação de Deus na vida de Abraão, Isaac, Jacó e Moisés foi decisiva para suas vidas e também para a identidade do povo. O mesmo processo podemos verificar na vida dos santos. Há sempre um momento marcante de encontro com Deus que muda a compreensão da própria vida, dá um novo rumo à caminhada.
O mesmo processo pode ser verificado no Natal do Senhor. Deus se manifesta para a humanidade na fragilidade de uma criança. Cristo é Deus presente no meio de nós. Em Cristo podemos ter o encontro com Deus. Quem me vê, vê o Pai. A pessoa de Cristo se torna o modo definitivo de encontro com Deus. A Escritura afirma que quem se volta para Ele de todo coração obterá a vida em abundância. É o mistério que contemplamos no presépio.
A narração do nascimento de Cristo mostra como isto acontece. Primeiro temos a indiferença do povo de Belém para com Deus. A gruta, tosca, suja, pouco acolhedora, representa o que é a humanidade dominada pelo egoísmo. José e Maria apresentam uma atitude diferente, levam consigo o Menino. A presença do Menino transforma o ambiente na gruta. Passa a iluminar-se. A presença de Cristo sempre ilumina e traz alegria. Os pastores são os representantes da humanidade. São pobres e desprezados, mas quando vão até a gruta onde está Cristo são testemunhas de uma transformação nas suas vidas e se tornam, também eles, divulgadores de que Cristo está presente no meio de nós.
O Evangelho da multiplicação dos pães mostra a mesma coisa em um contexto mais perto de nós. A multidão constituída de coxos, cegos, surdos – é a imagem da humanidade – busca um sentido para vida. Como os pastores, vão até Jesus. Suas vidas são transformadas. Os apóstolos são aqueles que, como Maria e José, levam Cristo até a multidão faminta. E a multidão é envolvida pela mesma alegria como os pastores na noite de Natal.
Na vida cristã, duas atitudes são necessárias. Primeiro que haja, de forma permanente, um ir até Jesus. A segunda que, como os apóstolos, sejamos portadores do Cristo presente no pão. É a expressão do amor ao próximo.
Dom Wilson Tadeu Jönck, scj