A Igreja no mundo inteiro encontra-se no caminho sinodal, rumo ao Sínodo dos Bispos, a realizar-se em 2023. Nesse caminho, somos interpelados a analisar nosso ser Igreja e nosso agir evangelizador. A Igreja toda – pastores, lideranças e fiéis, participantes, praticantes e afastados – entra num caminho de discernimento em busca de seu verdadeiro rosto. Depois de termos falado da Igreja-comunhão, hoje falamos da Igreja-participação.
POR UMA IGREJA SINODAL
“Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão” é o tema do próximo Sínodo dos Bispos. Sinodalidade é o novo jeito de a Igreja ser e agir. Trata-se de um processo, um método, um estilo. No seu ser a Igreja é comunhão, é ícone da divina comunhão trinitária. No seu agir a Igreja é caminhada, é peregrina rumo ao céu. A Igreja inteira se vê em comunhão e caminhada (sín+ódos=caminho comum). Diante dos inúmeros desafios em que nos encontramos – a perda de fiéis, o escândalo dos crimes sexuais, o avanço do secularismo, a indiferença religiosa, as polarizações no interior da própria Igreja –, não há alternativa real para a Igreja de hoje.
UMA IGREJA DE PARTICIPAÇÃO
O Concílio Vaticano II (1962-1965) já havia sinalizado o método da sinodalidade. Ele reconfigurou a Igreja como comunhão do povo peregrino, novo povo da nova aliança, povo de Deus reunido em Cristo e no Espírito. Em pé de igualdade, com a mesma dignidade, na base da cidadania batismal, todos são um em Jesus Cristo. Não há quem seja mais, quem seja menos. As diferenças estão nas funções, nas vocações. Daí a necessidade de se descobrir, qualificar e valorizar os carismas com que o Espírito enriquece a Igreja, fazê-los tornarem-se ministérios e serviços para a edificação de todo o povo. Com a participação de todos.
RESPOSTA AOS NOSSOS TEMPOS
Não se pode confundir sinodalidade com parlamentarismo, como se a Igreja fosse uma sociedade política qualquer. A Igreja não é uma democracia, é mais que democracia, é comunhão. Portanto, deve pelo menos assumir e assimilar os grandes valores – no fundo, evangélicos – da democracia. O método da sinodalidade eclesial responde aos anseios e sensibilidades do ser humano contemporâneo, imerso na cultura dos direitos humanos, da inclusão dos diferentes, da escuta das individualidades.
Pe. Vitor Galdino Feller