“Comigo está o Senhor, nada temo” (SL.118)
Padre Jacó Archer, você conhece? Lembra dele?
José Jacob Archer, mais conhecido por Padre Jacó, é natural de Itajaí (SC), nascido no bairro Brilhante em 03 de julho de 1951.
O nome Jacob Archer foi dado em homenagem ao Padre Jacob Slater (1880- 1940), que trabalhava em Tijucas.
José Jacó, filho de Lino Battisti Archer e Albertina Kruchinski Archer, traz nas veias o sangue italiano por parte do avô paterno e polonês por parte do avô materno.
Até os 7 anos de idade viveu no Brilhante, onde seu pai tinha uma venda, daquelas vendas de interior que vendia de tudo.
Lá no Brilhante, Jacó teve sua primeira experiência como aluno, frequentando a escola que ficava aproximadamente 800 metros da casa. E foi na Escola do Brilhante que ele teve como primeira professora, dona Hilda.
Uma vida simples, vivida por Jacob e a família, num lugar que não havia ainda luz elétrica, e que era distante de tudo, foi marcado por dias felizes, mesmo com algumas dificuldades.
Desde novinho, frequentava com os pais as missas e rezas do Terço, mesmo tendo que ir a pé ou de carroça na comunidade vizinha de Brilhante de Fora.
Um tempo difícil, que nem energia elétrica havia, mas o comerciante Lino Batisti Archer, com força e vontade junto com a esposa Albertina criavam os 8 filhos do casal: Antônio Luíz (falecido), Maria Tereza (falecida), Darcy, Ivone, Lourdes, Maria Izabel, Jorge e José Jacob.
No dia 30 de junho de 1958, a pequena comunidade de Brilhante de Fora, passou por um momento histórico, o lançamento da Pedra Fundamental da sua igreja, obra construída em frente à casa do pequeno Jacó, que ainda pequeno, aos 7 anos de idade, ajudou carregando tijolos, momento que marcaram sua vida. De tijolo a tijolo, os pedreiros Egídio, Luiz e Dionísio de Nova Trento, contratados para edificar a igreja, foram dando forma a capela, que mais tarde foi inaugurada em honra ao Sagrado Coração de Jesus, pelos padres de Itajaí.
Pela proximidade da família com a igreja, e por sempre se fazer presente, José Jacob, tinha muitas amizades com os padres. A casa da família de Jacó ficava em frente a estrada geral, e era ali que os padres paravam para um cafezinho, um jantar e muitas vezes pernoitavam, como foi o caso do Arcebispo Dom Joaquim que escolheu a casa de Lino para pernoitar em certa ocasião.
Dessa forma, foi nascendo em Jacó o desejo de saber mais e mais sobre a igreja, sobre os padres. Jacó viajava nos sermões dado pelos padres, achava linda a forma de anunciar o evangelho, estar junto do povo. Então nasceu ali a vocação para ser Padre.
Porém, ainda nos tempos de escola, passou pela Escola Santa Terezinha, no bairro do mesmo nome em Brusque, Jacó estudou o segundo e o terceiro ano primário, tendo que se deslocar num ônibus que fazia a linha Itajaí/ Brusque, na companhia do irmão Jorge, tendo como motorista do coletivo João Cavaco.
O quarto ano estudou no Colégio Santo Antônio (Brusque), colégio que era dirigido pelas irmãs da Divina Providência.
No ano de 1962, a família se mudou para Brusque. Seu Lino alugou um bar/sorveteria na rua Lauro Muller, no centro da cidade., bem próximo aos estádios Carlos Renaux e do Paysandu. Era um local muito movimentado, por ali passavam pessoas para os jogos de futebol, para as missas, escolas, e isso tornou o ponto bem conhecido.
A família se dedicou ao trabalho, uns faziam picolés, sorvetes, outros pastéis, bolinhos de carne, e assim viviam a vida de forma digna e honesta.
No ano de 1964, o pequeno Jacó ainda com 12 anos de idade, foi para o seminário menor na cidade de Antônio Carlos (SC), onde passou a frequentar o Seminário de Azambuja (Brusque), retornando para Antônio Carlos no ano seguinte, e em 1967 voltando para Azambuja, formando-se em 1972 no Segundo Grau.
No ano de 1973, veio a alegria de poder cursar Estudos Sociais e Filosofia na FEB, sendo da primeira turma dessa nova faculdade.
Um ano atípico na vida do seminarista, pois foi também marcado por um triste momento de dor ao despedir-se de sua maior riqueza, sua amada e querida mãe Albertina, falecida em 22 de novembro, aos 61 anos de idade.
O jovem de fé segue sua caminhada rumo a vocação, e em 1976 vai para Florianópolis cursar Teologia. Dias de dedicação e de concentração nos estudos, e ainda reservava tempo para aos sábados e domingos fazer trabalhos pastorais na Paróquia de Biguaçu, que tinha como Pároco na época o Padre Luiz Carlos Rodrigues, popular Padre Luizinho, e os vigários, Padre Manoel, Padre Lúcio e Padre Sergio Giacomelli, que lecionavam no ITESC, Faculdade onde estudava Jacó.
No dia 06 de maio de 1979, o jovem José Jacó é Ordenado Diácono em Biguaçu por Dom Floriano, Bispo Capelão do Hospital de Caridade de Florianópolis.
Um mês depois, no dia 30 de junho de 1979, finalmente Jacó é Ordenado Presbítero (Padre), por Dom Afonso Niehues, no Santuário de Azambuja em Brusque., continuando até o fim do ano de 1979 em Azambuja, com os finais de semanas comprometidos em Biguaçu e Governador Celso Ramos, na missão Pastoral.
Mas, no dia seguinte da Ordenação de Padre, 01 de julho de 1979, foi sua grande felicidade, pois pode voltar aonde tudo começou, lá na terrinha natal, onde todos sabiam que desde pequeno, Jacó haveria de ser tornar Padre. Foi na comunidade de Brilhante de Fora, na Igreja consagrada ao Sagrado Coração de Jesus, entre familiares e amigos e toda comunidade presente, a primeira missa do Padre Jacó era celebrada, tendo ao lado o amigo Padre Alvino Milani, como pregador.
Em 1982 foi morar em Ganchos (Governador Celso Ramos), e no dia 08 de maio de 1983, numa missa solene, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes, abrangendo todas as comunidades da cidade, sendo ele (Padre Jacó) o primeiro Pároco.
O bairro de Calheiros foi o primeiro bairro que Padre Jacó residiu, no Oratório das Irmãs. No ano seguinte passou a residir na sede do município, na Casa Paroquial, onde antes, funcionava o posto de saúde da cidade.
Padre Jacó, em sua caminhada pelos Ganchos, pode contar com a colaboração das Irmãs da Divina Providência, que juntos iniciaram um trabalho Pastoral.
Dessa época Padre Jacó diz: “Foi um ótimo tempo, minha primeira experiência como Pároco, na terra de pescadores. Foi construída a nova igreja matriz no morro onde ficava a centenária igrejinha. Tempo em que construí muitas amizades, povo bom, trabalhador, época de muitos peixes e camarões e bolinhos de siri que tive o prazer de saborear. Que Nossa Senhora dos Navegantes continue protegendo essa Paróquia”.
Mas, a vida de Padre é como uma vida de nômade, fica num determinado tempo num local, e quando a igreja precisa, ele tem que atender a necessidade, assumindo outras igrejas. Final do ano de 1989, o Bispo Dom Afonso pediu para o Padre Jacó assumir a Paróquia de Leoberto Leal, e em fevereiro de 1990, após a festa da Padroeira da cidade, Padre Jacó parte para mais uma jornada, assumindo na terra dos agricultores a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, atendendo além de Leoberto Leal, mais 6 comunidades de Major Gercino.
Padre Jacó sempre cumpriu seus deveres com a igreja, mas tinha um sonho maior, servir as Missões Além-Fronteiras, o que aconteceu em 1996.
E nesse ano (1996) deixou Leoberto Leal e partiu rumo a Bahia, no Projeto Igrejas Irmãs, Na Diocese da Barra. Tempos depois foi substituir o amigo, Padre Lúcio Espíndola dos Santos (natural de Palhoça) na Paróquia de Oliveira dos Brejinhos.
Em 1998 mudou-se para a Sede da Diocese, assumindo a Paróquia da Catedral com 110 comunidades, a pedido de Dom Luiz Flávio Cáppio, onde permaneceu até o início de 2002, retornando para Florianópolis. Alguns meses depois, Dom Murilo Krieger autorizou o retorno de Jacó para a Bahia, assumindo trabalhos na Diocese de Ruy Barbosa, onde o Bispo responsável era Dom André de Witte, da Bélgica.
Entre muitas andanças e muito trabalhos em diversas Paróquias, Padre Jacó sempre levou amor e esperança aos menos favorecidos, como sempre um defensor dos direitos humanos e da justiça social, assim permanecendo na Bahia até 2010.
Dessa vez, o Padre ganha de presente uma nova morada entre os pescadores, na cidade de Bombinhas, onde assumiu a recém-criada Paróquia, inaugurada em 13 de junho de 2010, com sede em Bombas.
Uma nova missão aparece nos caminhos do então Vigário Jacó, a convite do Bispo da Diocese de Macapá, divisa com a Guiana Francesa.
Nas terras longínquas, às margens do rio Amazonas, o menino que saiu do Brilhante (Itajaí –SC), enfrenta com coragem e determinação o desconhecido.
Foi dia 10 de fevereiro de 2015, que ele arrumou as malas e rumou às novas aventuras evangelísticas.
Muitas noites de joelhos, se entregando ao Pai, para que sua caminhada continue no caminho do amor e da justiça.
Inicialmente assumiu a Paróquia Divino Espírito Santo, e em abril de 2016, passou a assumir mais uma Paróquia, a de São Paulo II.
Com o lema: Ordenação é: Comigo está o Senhor, Nada Temo (SL.118), Jacó se agarra em Deus e firme na fé, vem vencendo os obstáculos.
São 41 anos dedicado a Igreja que abraçou, sendo 20 anos entregue as Missões Além Fronteiras.
Padre José Jacó Archer, ou simplesmente Padre Jacó fez da fé, seu caminho, da vida, sua entrega a Deus e se dedica ao cumprimento da palavra de Deus.
Por Miguel João Simão.
Escritor e Pesquisador.