Artigo Vitor Feller: O suicídio da humanidade

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Artigo Vitor Feller: O suicídio da humanidade
Foto: Amol Sonar/Unsplash

A humanidade parece estar fazendo uma escolha pela cultura da morte. Há uma resistência comum para se ouvir o duplo grito dos pobres e da criação, revelados pelo papa Francisco na encíclica Laudato Sì sobre o cuidado do meio ambiente.

A idolatria do Mercado
A medida atual do desenvolvimento se dá pela adoração do deus dinheiro, a idolatria do mercado denunciada pelo papa. Prioriza-se o mercado, o socorro aos bancos, os incentivos aos grandes conglomerados, a especulação financeira. Em vez disso, outra cultura é possível: uma clara e decidida opção pela proteção do meio ambiente e das classes sempre desfavorecidas. Com a promessa enganosa de diminuir o Estado, faz-se exatamente o contrário: desmontam-se as políticas públicas que socorrem os pobres nas suas necessidades básicas, e que facilitam empreendimentos ecológicos. Estado máximo para os ricos, Estado mínimo para os pobres!

Sobriedade versus consumismo
Parece que quanto mais lixo uma sociedade produz, mais rica e desenvolvida ela é. O caminho do excesso e do desperdício, além de vergonhoso e antiético, é suicida, pois coloca em risco a sobrevivência da natureza. Sem sobriedade, não há futuro para o ser humano e o planeta. Uma vida sóbria e simples, marcada pela austeridade, disciplina e controle das paixões desordenadas pelo ter e poder mais, nos possibilita ter mais tempo e estar mais abertos às novidades que as relações humanas e os acontecimentos históricos nos trazem. Ao contrário, pessoas que vivem entulhadas e empanzinadas de coisas materiais mandam a seu cérebro um comando de autossatisfação que leva ao comodismo, à preguiça e à estagnação.

Solidariedade versus indiferença
Uma vida solidária, experimentada na saída de si em função da ajuda aos mais carentes e na busca de soluções para os graves problemas humanos, expande os desejos e sonhos do coração e promove a humanização das relações. Ao contrário, o fechamento sobre si produz a insatisfação e a tristeza, próprias de quem se enreda nas mesquinharias e mediocridades pessoais. Isto vale também para as nações e a civilização atual. O consumismo em que nos enredamos nos põe em relação de dependência das coisas, nos desumaniza e nos leva ao suicídio. Uma vida sóbria e solidária abre-nos a mente e o coração para que floresça em nós o que realmente somos: humanos!

Artigo publicado na edição de junho do Jornal da Arquidiocese, pág. 5.

ArtigosJornal da ArquidiocesePadre Vitor Galdino Feller

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