A verdadeira espiritualidade pascal brota da cruz de Cristo e da experiência do túmulo vazio. Os apóstolos, por medo dos judeus, após a sua paixão ficaram com medo e cederam à desesperança. Jesus coloca-se em nosso meio e nos pergunta: “O que ides conversando pelo caminho?” (Lc 24,17). Os dois discípulos de Emaús sabiam da promessa da ressurreição do Senhor, escutaram das santas mulheres que o túmulo estava vazio, contudo não alimentaram a fé e a esperança. Falavam de Jesus Cristo como um fato passado, como uma ocasião perdida. Estavam mergulhados na escuridão e no desalento. É possível que, neste tempo, mergulhemos alguma vez no desalento, na falta de esperança, ao olharmos tantas pessoas passando necessidades, agonizando em leitos de hospitais, morrendo em virtude do flagelo dessa pandemia.
Devemos estar atentos, pois o próprio Cristo coloca-se em nosso caminho e muitas vezes não o reconhecemos. Sua companhia aquece nossos corações e nos faz interpretar as realidades concretas de nossa vida à luz das Escrituras. Com todo o seu amor e paciência, o Senhor devolve a fé e a esperança. Estes fazem um convite: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” (Lc 24, 29). Convidamos o Senhor para ficar conosco todas as vezes que participamos da Santa Missa, que lemos a Palavra de Deus. O encontro com o Senhor, vivo e ressuscitado, nos faz crescer na fé e na esperança, nos faz recuperar a alegria e o amor: “Não estava ardendo nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).
A verdadeira alegria do cristão está no amor a Deus, que é nosso Pai, e no amor ao próximo. Esta é a condição normal dos que seguem a Cristo. Devemos levar as pessoas a experimentar essa alegria serena e amável em todos os lugares. O mundo está triste, inquieto, e tem necessidade, antes de mais nada, de redescobrir a paz e a alegria que vem do Senhor. Nossa conduta sorridente deve ser um caminho que conduz os outros a Deus. A alegria é a grande ferramenta para apresentarmos a mensagem de Cristo de uma forma amável e positiva, como fizeram os apóstolos depois da ressurreição.
Artigo publicado na edição de abril de 2021 do Jornal da Arquidiocese, página 8.