O perdão é uma porta para entender a vida nova conquistada por Cristo na sua paixão, morte e ressurreição. Vemos no Evangelho como Cristo, antes de realizar uma cura, perdoava os pecados. E a pessoa voltava renovada para sua casa, recebia uma nova vida. A Páscoa de Cristo é a certeza que os nossos pecados são perdoados.
No sacramento da confissão, o pecador arrependido recebe de Deus o perdão dos seus pecados. É só Deus que perdoa pecado, portanto na confissão somos tocados pela misericórdia de Deus, como aqueles que eram curados por Cristo. No sacramento da reconciliação, pode-se dizer que Deus restaura, recria a sua criatura. Ela é renovada e não vive mais oprimida pelo seu pecado.
A parábola do Filho pródigo mostra como age a misericórdia. O filho, pecador, volta arrependido e o Pai o recebe sem cobrar nada do seu procedimento do passado. Não interessava mais aquele modo de viver que havia causado tanto mal. O que importava era que o filho recebera nova vida. É a vida nova conquistada por Cristo ressuscitado.
O ser humano que recebeu o perdão é chamado também a perdoar. São os gestos de perdão, componentes da vida nova do Ressuscitado, que o cristão deve semear pelo mundo afora. É chamado a perdoar, mesmo o que não pode ser tolerado, justificado ou desculpado. O perdão é a força para que estes elementos tão destruidores não continuem a governar a vida da pessoa e da sociedade.
Tomemos como exemplo: a vingança. Ela nunca sacia completamente a insatisfação da vítima. Quando alguém reage com espírito de vingança, está permitindo que o espírito o agressor domine a relação. Diante desta situação o perdão pode eliminar o mal que é atuante nestes momentos. A vingança é uma das formas como o mal se propaga no mundo. E temos um remédio ao nosso alcance: o perdão. Diante do amor nenhuma ação de revide ou vingança é justificável.
Ao desejar uma Feliz Páscoa a todos os diocesanos, faço votos de que cada um se torne um agente do perdão. Foi assim que Cristo salvou a humanidade. Também nós podemos ajudar a construir um mundo melhor.
Artigo publicado na edição de março de 2021 do Jornal da Arquidiocese, página 2.