A pandemia COVID-19 impede de celebrar, com um encontro, o Dia do Padre (04/08), na comemoração de São João Maria Vianney. Pelo mesmo motivo não acontecerá o encontro dos diáconos na festa de São Lourenço (10/08). De qualquer forma, quero alcançá-los com efusivos cumprimentos nestes dias marcantes na vida dos padres e diáconos da Arquidiocese.
Inicialmente desejo enviar uma saudação particular aos nossos padres e diáconos que foram afetados pelo coronavírus. Também por todos que foram envolvidos pela pandemia na pessoa de algum familiar. Trago igualmente a memória a todos os padres e diáconos que estiveram hospitalizados e estão em recuperação da saúde. São horas de preocupação e angústia e não gostaria que se sentissem só no enfrentamento desta doença. Expressamos nossa solidariedade e desejo de proximidade neste momento particular de suas vidas.
A pandemia faz recordar alguns momentos da vida do Cura D’Ars e como tudo passou a ter significado no seu ministério sacerdotal. Lembro da sua primeira confissão diante do relógio porque a comunidade não podia se reunir para celebrar na igreja. A perseguição da mesma revolução francesa fez com que a primeira comunhão acontecesse escondida em um galpão agrícola. O Santo de Ars também teve problemas com o alistamento militar. Foi considerado desertor. O seu irmão Francisco que se alistou no seu lugar, nunca mais voltou.
O padre e o diácono, no exercício do seu ministério, são levados a confrontar-se com as angústias fundamentais da vida humana – momentos de solidão, de morte, de incertezas sobre os planos de Deus. O período de pandemia que paralisa as nossas atividades nos faz refletir sobre a caminhada e a própria vida sacerdotal. Somos convidados a tomar a cruz, aquela que humaniza nossa vida e que convida a deixar de nos agarrar nas seguranças do mundo.
Deus quer se manifestar ao mundo, e quer fazê-lo através de nós. Momentos como os que estamos vivendo, propiciam oportunidade de rever o nosso modo de ser padre, diácono: o modo de rezar, o modo de conduzir a comunidade, a maneira como nos relacionamos com as pessoas, o modo como testemunhamos e proclamamos o Evangelho. É hora de renovar a certeza de que Cristo habita em nós e quer se manifestar aos outros através de nós. É Jesus que dá novo prazer à vida, transforma a água em vinho. Faz com que não nos prendamos aos revezes da vida, mas demos asas à liberdade de servir.
A imagem do semeador ajuda a refletir sobre a nossa missão. Há duas atitudes fundamentais na atividade do agricultor. A primeira é aquela de preparar o solo, lançar a semente, fornecer água e sais minerais, controlar as ervas daninhas. A segunda, é mais fundamental. Consiste em esperar. Todas as atividades anteriores não serão pesadas se forem preenchidas pela esperança no crescimento e desenvolvimento da planta. O padre é chamado a exercer o seu ministério na esperança. E a pandemia é um tempo de esperança.
Em nome da Arquidiocese abraço a todos os padres e diáconos. Manifesto nosso agradecimento e reconhecimento. Deus derrame abundantemente sobre todos as suas graças.
Dom Wilson Tadeu Jönck, scj
Artigo publicado na edição de agosto de 2020 do Jornal da Arquidiocese, página 2.