1ª Carta a Timóteo: Pastor e rebanho unidos na fé

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1ª Carta a Timóteo: Pastor e rebanho unidos na fé

A primeira carta a Timóteo (1Tm) apresenta orientações práticas e admoestações catequéticas de Paulo para o seu “delegado”, Timóteo, responsável pela igreja de Éfeso. Três são as idéias dominantes da carta:

1) A luta vigilante e enérgica contra os hereges. Mesmo sendo uma comunidade louvável, esclarecida e fervorosa na prática do bem, surgiram em seu seio pessoas que constituíam um perigo para a fé (1,4; 6,4). Eles parecem pertencer a alguma seita de orientação judaica entretida com “fábulas e genealogias intermináveis” (1,4), querendo ser “mestres da Lei” (1,7), embora dela não possuam nenhum entendimento, querendo impor práticas ascéticas e banimento de alimentos (4,3). Nesses também se percebe influências de correntes pagãs pré-gnósticas que proscrevem o matrimônio, por considerá-lo um mal (4,3). Paulo desmascara suas heresias e cobiça, que procura fazer da religião e da piedade uma fonte de lucro (6,5), pois são devorados pela fome insaciável de dinheiro (6,9-10). Eles são fonte de controvérsias, brigas, blasfêmias, altercações dentro da comunidade cristã. Timóteo deve ensinar a verdadeira doutrina, acender o amor, o coração puro, a consciência boa e uma fé sem hipocrisia (1,5) para manter unida a comunidade.

2) A ampliação e a organização hierárquica. Um decênio de vivência cristã já fizera surgir na comunidade de Éfeso uma organização básica, composta de epíscopos (literalmente, “supervisores”), grupos dos presbíteros (“anciãos”), diáconos (“servidores”) e viúvas (diaconisas) com deveres caritativos. Os ministros todos devem brilhar pela boa reputação, pessoas de bom relacionamento com todos, de vida familiar exemplar, humanamente maduras e caritativas. Eles ensinam sobretudo com a vida. Timóteo mesmo deve ser um modelo de todos pelas palavras da fé e da boa doutrina (4,6.12). Permanecendo fiel aos ensinamentos da fé cristã e com uma conduta exemplar, Timóteo salvará a si mesmo junto com aqueles que o ouvirem (4,15-16).

3) A organização da vida religiosa da comunidade. A comunidade deve viver na oração por todos, inclusive pelas autoridades civis, a fim de brotar uma sociedade pacífica e solidária. As mulheres devem mostrar a beleza de uma vida temente a Deus, repleta de boas obras (2,9-10), não vendo o matrimônio como coisa má, tal como pregavam os heréticos, mas antes, como um valor nobre com o qual ela educa os filhos, assiste ao marido, fortalece os vínculos da família, como uma missão confiada por Deus (5,12). A comunidade zele com cuidado dos mais frágeis, desde as viúvas desamparadas, até os escravos, que deviam cuidar bem dos seus senhores, mas também mereciam ser tratados com respeito e bondade; desse modo, os ricos acumulariam a verdadeira riqueza na eternidade (6,17-19).

Por Pe. Gilson Meurer

Artigo publicado na edição de junho de 2020 do Jornal da Arquidiocese, página 8.

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