Quando fui estrangeiro, tu me acolheste…

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Quando fui estrangeiro, tu me acolheste…

Antes mesmo do nascimento de Jesus, a Sagrada Família era estrangeira em Belém. E esta história continua a se repetir nos dias de hoje.

José bateu de porta em porta em busca de um lugar para a mãe e o menino, mas não encontrou. Sem alternativa, Maria deu à luz numa estrebaria, e o recém-nascido foi colocado numa manjedoura. A dura realidade da Sagrada Família continua a se repetir quando milhares de pessoas se veêm forçadas a deixar tudo para trás e sair em busca de acolhida para um recomeço.

Engenheira de Petróleo na Venezuela, Bella escolheu Florianópolis para viver

Sobella Cañizalez, que prefere ser chamada de Bella, nasceu em Maturin, Venezuela. Formada em Engenharia de Petróleo, teve de deixar seu país em 2018. Atualmente Bella reside na Grande Florianópolis e trabalha na Casa de Apoio São José, que acolhe os acompanhantes do Hospital Regional. Uma das características marcantes dela é seu sorriso fácil e seu olhar cheio de esperança.

Atualmente existem 5.762 pessoas com histórias semelhantes a da Bella, segundo dados divulgados em setembro deste ano pelo governo estadual. São homens, mulheres e crianças de 85 nacionalidades diferentes, que deixaram casa, familiares, amigos e carreira em busca de uma vida melhor em Santa Catarina.

Com muita gratidão, Bella relembra sua trajetória, desde a saída da Venezuela até sua chegada em Florianópolis. “Entrei no Brasil por Roraima, mas eu e os que estavam comigo não queríamos permanecer por lá. Era difícil conseguir emprego e nos faltava tudo”. Sem emprego ou local digno para morar, a solução encontrada foi se mudar novamente. Em uma pesquisa na internet, Bella conhece Santa Catarina como um dos estados brasileiros com menor índice de violência do Brasil e com boas oportunidades para os imigrantes. E foi assim que arrumou o pouco que tinha e veio para Florianópolis na esperança de uma vida melhor.

A chegada de Bella à Ilha aconteceu no 21 de dezembro de 2018. Na época, alguns dos seus familiares já haviam chegado ao Brasil, porém seus pais ainda não. Juntamente com um outro grupo, ela foi direcionada até o então Centro de Referência e Ajuda ao Imigrante (CRAI), onde foi acolhida até se estabelecer na nova cidade.

Sem os seus pais, as comemorações do Natal foram tristes para Bella naquele primeiro ano. “Costumávamos nos reunir e compartilhar tudo. Nossa casa era muito grande, então vinham todos os parentes e amigos. Para mim, foi muito triste passar o Natal em uma cidade estranha, com pessoas desconhecidas e que não tinham os mesmos costumes. Foi muito forte para mim não poder compartilhar esse dia tão especial com quem mais amo”, relembra.

O casal venezuelano José e Darling viverão de maneira ainda mais especial com a chegada dos

Assim como Bella, José Javier Hurtado Marcano e sua esposa, Darling Gabriela Garcia, deixaram a Venezuela a cerca de um ano e meio em busca de um recomeço no Brasil. Antes de chegar a Florianópolis, o casal passou pelos estados de Roraima, Rondônia e Amazonas. A viagem até a capital catarinense foi feita de ônibus e levou cerca de nove dias.

José Javier conta que aos poucos está se acostumando com a cultura do novo país, mas no início foi muito difícil. “É muito complicado estar longe do seu país, com uma cultura que não estamos acostumados. É preciso aprender todos os dias alguma coisa nova”, complementa. Mesmo com sua esposa, passar o Natal como imigrante foi doloroso: “o primeiro Natal que passamos no Brasil foi muito triste para mim, minha esposa e também para nossos conhecidos. Nunca passamos tanto tempo longe da nossa família. Nesse período, a saudade fica mais forte e temos a vontade de dar aquele abraço apertado em quem mais amamos, mas estamos longe”.

Com Jesus Menino, nasce a alegria verdadeira

Apesar de todas as situações da vida de imigrante, Bella, José e Darling nunca perderam a esperança e sempre trouxeram em seus corações a certeza de que dias melhores viriam. Com o passar do tempo, foram dando passos para a reconstrução de suas vidas e neste ano a festa de Natal será muito especial.

Com muito esforço, Bella conseguiu trazer seus pais da Venezuela. “Agora que me estabeleci em Florianópolis consegui trazer minha família para cá, principalmente meu pai e minha mãe. Neste Natal, graças de Deus, vamos estar todos juntos para celebrar”. Ela ainda conta que a ceia neste ano será farta e que mesmo longe da Venezuela vai poder reviver os bons momentos em que esteve lá.

Para José e Darling, o Natal será comemorado em dose dupla. Há alguns meses nasceram os gêmeos Santiago e Sebastian, primeiros filhos do casal. Com a chegada das crianças a certeza de que tudo ficará bem se fortaleceu e eles estão esperançosos para seguir a vida em solo catarinense.

Conheça melhor o trabalho da Pastoral do Migrante na Arquidiocese.

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