O mistério pascal faz compreender que precisamos ir além da morte para definitivamente penetrarmos num novo âmbito da vida
A Igreja vive, celebra e testemunha a sua fé! E a fonte e o ápice, o centro e o fundamento de nossa fé cristã é a Ressurreição de Jesus!
“Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa pregação e vã é também a nossa fé” (ICor 15, 14). Com esta afirmação de São Paulo, podemos dizer que o centro da fé cristã é o anúncio da Ressurreição de Jesus. Todos os aspectos da nossa fé – doutrina, liturgia e moral – encontram fundamento na proclamação da vitória sobre a morte, porque Jesus ressuscitou.
Por isso, nossas comunidades uma vez mais “exultarão” de alegria na Vigília Pascal erguendo as velas do fogo novo, entoando o Aleluia solene, fazendo soar os sinos nas torres mais altas e as sinetas entre as mãos dos mais pequeninos em nossos altares. Vestes brancas revestirão nossos catecúmenos, a água jorrará qual torrente para aspergir nossas assembleias festivas que, entoando cânticos festivos, uma vez mais proclamará: Vive Jesus! Ele é o Senhor.
Em todos os rincões, nas comunidades de base das periferias, nas catedrais mais suntuosas, nas igrejas dos mosteiros, nas igrejas rurais e nas cidades, nos famosos santuários e até debaixo das mangueiras ou junto aos ribeiros a Igreja cantará, aplaudirá, dançará. E até mesmo onde é perseguida, não lhe faltará a alegria do Evangelho da Vida que vence a morte para lhe garantir a esperança e, assim, resistir e vencer com Cristo.
Quanta alegria! Como é alentador celebrar a Páscoa do Senhor! Mas nossa fé celebrada se prolonga como “oitava” sempre atual ao ser vivida e testemunhada.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos apresenta cinco consequências importantes da Ressurreição do Senhor que são, na verdade, preciosas bênçãos espirituais das quais nós que cremos, passamos a usufruir:
1ª. A Ressurreição constitui, antes de tudo, a confirmação de tudo o que o próprio Cristo fez e ensinou (CIC 651). Assim são dignas da fé todas as suas palavras e atos narrados nos Evangelhos, porque o sepulcro ficou vazio! Ele venceu a morte!
2ª. A Ressurreição é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento e de Jesus, mesmo durante a sua vida terrestre (CIC 652). Tudo o que fora prometido e preparado para o povo da Antiga Aliança cumpriu-se no triunfo de Jesus que passou pelo escândalo da Cruz (1Cor 1,23) à surpreendente Ressurreição: “Porque todas as promessas de Deus são ‘sim’ em Jesus” (IICor 1,20 ).
3ª. A Ressurreição confirma a verdadeira divindade de Jesus (CIC 653). São João narra: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que EU SOU (Jo 8,28). Temos revelada e confirmada a identidade de Jesus: Ele é Deus Vivo e Verdadeiro!
4ª. A Ressurreição nos torna “justificados” pela vitória sobre o pecado (CIC 654). Recebemos a adoção filial que nos garante uma participação real na vida do Filho Único e assim viveremos uma vida nova! Aleluia!
5ª. A Ressurreição é o princípio e fonte da nossa ressurreição futura. “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais pelo seu espírito que habita em vós” (Rm 8, 11).
Irmãos, ponhamos nisto a nossa fé, tomemos posse de tão poderosas bênçãos e “caminhemos rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama em Cristo Jesus” (Fil 3,14).
Ao usufruir de tão abençoadas consequências da Ressurreição de Cristo nos comprometamos ainda mais com a vida fraterna, orante e missionária de nossas comunidades. Que sejamos felizes, fecundos e santos, celebrando, vivendo e testemunhando o Cristo Ressuscitado. Sejamos ousados e criativos no anúncio do Evangelho sem medo do novo, libertos e libertadores, abençoados e abençoadores!
A Ressurreição do Senhor nos libertou! Aleluia! A Ressurreição do Senhor nos abençoou! Aleluia!
Por Padre Marcio Alexandre Vignoli
Pároco do Divino Espírito Santo em Camboriú e
Moderador da Comunidade Divino Oleiro
A vida nova a partir da ressurreição de Cristo
Aleluia, Cristo verdadeiramente ressuscitou, aleluia! O que muda em sua vida, a partir da ressurreição de Cristo? Com a palavra, alguns leitores do Jornal da Arquidiocese.
– Adelir da Silva Raupp, 69 anos, professora, Florianópolis
“Sou impulsionada a viver minha fé cristã na esperança, uma fé dinâmica e crítica, com um amor profundo e inteligente ao meu Jesus ressuscitado. A partir da ressurreição passo a perceber com maior clareza que Jesus dá imenso sentido a minha vida terrena e se torna para todos nós a garantia da nossa ressurreição. O mistério pascal deixa para mim a expectativa da compreensão efetiva de que precisamos ir além do morrer e do transformar-se para definitivamente penetrarmos ‘num novo âmbito da vida, o estar com Deus’, como afirma o Papa Bento XVI. Jesus torna-se o critério no qual posso confiar, porque Deus manifestou-se verdadeiramente”.
– Maria Roseli Voges, 62 anos, aposentada, Paróquia São José
“A cada celebração a gente vai mudando, aprendendo, tendo mais fé e, às vezes, até perdoando coisas que nem imaginava que deveria perdoar. Fazer o bem para os outros, não falar mal, porque não gosto de fofoca, não criticar, ajudar, e tudo de bom que puder fazer eu faço. Para mim isso aí é ressurreição. Somos bastante católicos eu e meu esposo, rezamos antes das refeições e antes de dormir, todas as noites. E, assim, buscamos que os filhos sigam este exemplo de fé em Cristo ressuscitado”.
– Pedro Paulo da Silva, 72 anos, aposentado, Paróquia Santo Antônio e Santa Maria Goretti, Coloninha, Florianópolis
“A ressurreição de Jesus Cristo acrescenta em mim a certeza de que, mesmo não sendo merecedor pela mácula do pecado, seu sangue derramado na cruz me lava de todo mal e me projeta a possibilidade de viver a vida eterna, como ao bom ladrão nos braços da cruz foi prometido: ‘ainda hoje estarás comigo no paraíso’”.
– Valdete Gianesine Mariane, 46 anos, secretária, Paróquia São José, Botuverá
“É a partir da ressurreição de Cristo que temos mais esperança em um mundo melhor. É na Páscoa que a gente tem mais sentimentos de amor ao próximo, de querer perdoar mais, fazer diferença para o outro. Não ser melhor que o outro, mas para ele. Isso deveria ser o sentimento de todo cristão. Nós somos a prova viva de que a morte de Jesus não foi apenas um acontecimento histórico, pois ele está agindo constantemente dentro e através de cada um de nós. É neste sentimento de amor incondicional que está a prática da nossa vivência; temos sempre que transmitir para quem nos vê a própria pessoa de Cristo”.
Matéria publicada nas páginas 6 e 7, edição nº 255, do mês de abril de 2019 do Jornal da Arquidiocese