Catarina de Alexandria está presente na história da humanidade há mais de 1.700 anos. Ganhou um mosteiro, construído ao pé do Monte Sinai, no Egito, no século VI, com a construção da Basílica da Transfiguração pelo Imperador Justiniano. Influenciou a vida da heroína e santa francesa Joana d’Arc. Deu nome à ilha descoberta por Sebastião Caboto há mais de 500 anos. Virou nome da Província e do Estado. É venerada pelos ortodoxos gregos, por incontáveis comunidades religiosas da Europa e da América Latina. Venerada e respeitada como padroeira dos filósofos, dos estudantes, dos navegadores, dos artesãos e dos que trabalham com rodas.
É, principalmente, a Padroeira do Estado. Muito mais do que isso, como se não bastasse toda esta excepcional biografia, é considerada por historiadores como “a mais virtuosa das mulheres”.
Estranho, portanto, que a maioria da população ignore a exemplar vida da “virgem mártir, flor divina”, como ensina a bela música escrita pelo saudoso compositor, padre Ney Brasil Pereira.
É por tudo isto e muito mais, elogiável esta disposição do Arcebispo Metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck, de resgatar a história de nossa padroeira e difundir suas magníficas qualidades de mulher sensível, estudiosa, corajosa, bela, solidária, sábia e de profunda fé que enfrentou o Imperador Romano Maximino, protestando contra as torturas aplicadas aos cristãos.
Sua vida e sua obra estão relatadas no magnífico mosaico do artista Rodrigo de Haro, na Praça Tancredo Neves. E pode ser conhecida em seu livro “Mistérios de Santa Catarina”. Ou, ainda, em minhas duas obras “Santa Catarina, Padroeira: Tesouros no Sinai” (2002) e “Santa Catarina de Alexandria: A Origem, o Mosteiro e a Padroeira” (2015).
Vivendo em palácios dourados, filha de famílias nobres, inconformada com o sofrimento dos que aderiam ao cristianismo, enfrentou o Imperador, depois os sábios por ele convocados e derrotou, na defesa da fé, todos os grupos de estudiosos.
Foi martirizada com uma roda com dentes de ferro. Na hora da execução, segundo relatos históricos, a roda despedaçou-se. Retornando à prisão, recebeu novas e irrecusáveis propostas de negar o cristianismo. Renovou sua fé. Revoltado, o Imperador determinou sua degola.
Documentos antigos, folhetos e relatos descrevem que, decepada a cabeça, de seu corpo jorrou leite no lugar de sangue.
Seus restos mortais foram transportados por monges para o Monte Sinai, onde permanecem até hoje.
O Mosteiro de Santa Catarina é o único em todo o mundo que jamais foi violado. Exibe documentos de proteção firmados pelo Profeta Maomé e pelo Imperador Napoleão Bonaparte, que dominaram o Egito.
Sua biblioteca é uma das mais ricas e possui preciosas cópias dos evangelistas, estudadas pelos monges há séculos.
Em 2002, lá estive em visita, na primeira e única missão oficial do Estado, liderada pelo governador Esperidião Amin. Foi um dia marcado de incontidas emoções e múltiplas revelações.
Por: Moacir Pereira
Moacir Pereira é colunista da NSC Comunicação, membro da Academia Catarinense de Letras
e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.