A palavra transformação possibilita entender o significado da ressurreição. Na ressurreição, tudo o que está morto e estragado em nós, Deus transforma em vida. Os Evangelhos apresentam alguns passos desta transformação na vida das pessoas.
As mulheres vão ao sepulcro e levam perfumes para embalsamar o corpo de Jesus. Jesus não se deixa encontrar no túmulo. Havia ressuscitado. Aprendemos que não é no túmulo que encontramos Jesus. A vida não consiste em levar perfume para embalsamar corpo em decomposição.
A pedra que cobria o túmulo representa as muitas pedras que carregamos na nossa vida. Não permitem que os sonhos de vida que brotam em nós se tornem realidade. A pedra sobre nós impede de sair de nós e ir ao encontro dos outros. A pedra pode ser a preocupação com o futuro, o desejo de acumular bens materiais, o medo de se expor ao ridículo, a insegurança que não deixa que enfrentemos determinadas situações da vida. Enquanto a pedra não for retirada, sempre haverá algo apodrecendo na nossa vida.
E como acontece o caminho da ressurreição? São Lucas, no seu Evangelho, diz que é necessário entrar no túmulo dos nossos medos, tristezas, das nossas sombras e trevas. Aquela sepultura onde enterramos tudo que escondemos de nós mesmos. Podemos entrar porque Jesus já rolou a pedra. Já não é um lugar de horrores. Ao contrário, quando entramos em profundidade no túmulo da nossa existência, encontramos anjos com roupas reluzentes que anunciam que Cristo não está ali, ressuscitou.
Para todos é decisivo o encontro com o ressuscitado. É a partir deste encontro que aparece a transformação em nossa vida. São Pedro vai ao encontro da prisão de suas convicções e argumentos. Entra no túmulo. “Viu e acreditou”. Maria Madalena vai em busca de um defunto e encontra Cristo ressuscitado no jardim. Tomé que estava preso às suas ideias e convicções, toca as chagas de Cristo e descobre que deve fazer da sua vida um dom. Os discípulos reconhecem Cristo na saudação “a paz esteja convosco”. Os dois de Emaús caminham com ele e o reconhecem ao partir o pão. Todos estes episódios mostram que a morte não teve a última palavra, mas a vida, o amor, a fé, a paz.
Por: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj
Artigo publicado na edição de abril de 2018, nº 244, do Jornal da Arquidiocese, página 02.