Na noite do dia 27 de novembro de 2017, Dia de Nossa Senhora das Graças, no auditório da Catedral Metropolitana de Florianópolis, aconteceu o lançamento do livro “Fenômenos Preternaturais: sobre as ações dos anjos e dos demônios“, de organização do Pe. Pedro Paulo Alexandre.
Na apresentação da obra estiveram presentes: o Arcebispo da Arquidiocese de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck; a Psicóloga Dra. Priscila Nicolazi; o Psiquiatra Dr. João Paulo Oliveira Branco Martins; sacerdotes e um número bastante significativo de fiéis.
Dom Wilson iniciou acolhendo a todos os presentes e ressaltou a relevância do tema que estava sendo tratado. Você pode ler, em anexo no fim deste texto, a apresentação que Dom Wilson fez para a obra.
Em seguida, Pe. Pedro Paulo Alexandre apresentou uma breve contextualização do momento delicado que se vive, em que se multiplicam práticas de superstição, ocultismo, adivinhação, magia. Práticas que são proibidas nas Sagradas Escrituras (Dt 18,9-14; Lv 19,26b; 20,27; 2Rs 21,6; 23,24; 1Cr 10,13; Is 8,19…). O sacerdote recordou o Magistério da Igreja a respeito destes temas (cf. Catecismo, § 2116 – 2117) e alertou para os riscos espirituais que estão em torno dessas práticas. Concluindo esta parte, recordou as palavras de Nossa Senhora: “Os tempos serão maus… mas quando tudo parecer perdido, lá eu estarei convosco” (Nossa Senhora à Santa Catarina Labouré, noite de 18 para 19 de julho de 1830).
Na sequência, o organizador fez uma breve síntese sobre a existência de Satanás e seus demônios e sua ação no mundo:
“Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa, com efeito, toda a história humana; começou no princípio do mundo e, segundo a Palavra do Senhor, durará até o último dia. Inserido nesta luta, o homem deve combater constantemente, se quer ser fiel ao bem, e só com a ajuda de Deus conseguirá realizar a sua própria unidade” (Concílio Vaticano II, Gaudium et spes, n. 37).
“A existência dos seres espirituais, não-corporais, a que a Sagrada Escritura habitualmente chama anjos, é uma verdade de fé” (CIC, §328) e, portanto, não se encontra no âmbito das hipóteses ou opiniões teológicas. Alguns desses anjos, criados bons por Deus, liderados por Satanás, também chamado Diabo, “radical e irrevogavelmente recusaram Deus e o seu Reino” (CIC, §391), e, portanto, deve-se afirmar que “de fato, o Diabo e os outros demônios foram por Deus criados naturalmente bons; mas eles, por si próprios, é que se fizeram maus” (Concílio de Latrão IV, cap. 1, De fide catholica: DH 800). Os demônios “esforçam-se por associar o homem à sua rebelião contra Deus” (Ritual de exorcismos, Proêmio), por induzir o homem ao pecado mortal, o qual “tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno” (CIC, §1861).
“[…] dado que a maléfica e adversa ação do Diabo e dos demônios afeta pessoas, coisas e lugares, manifestando-se de diversos modos, a Igreja, sempre consciente de que ‘os dias são maus’ (Ef 5,16), orou e ora para que os homens sejam libertos das ciladas do diabo” (Ritual de exorcismos, Proêmio).
Padre Pedro Paulo recordou que o Ministério de Exorcismo na Igreja é um ministério de misericórdia: “Diante do sofrimento, as pessoas feridas, machucadas etc, batem à porta da Igreja pedindo auxílio. A Igreja precisa acolher, escutar, discernir, ajudar, orientar”. E disse ainda: “Nós, exorcistas, temos visto como o demônio trata as pessoas: é desumano. Só quem acompanha de perto estas situações sabe os sofrimentos terríveis que estes irmãos nossos e seus familiares tem passado”.
“A Igreja, qual mãe misericordiosa, sabe o quanto é importante não abandonar as pessoas que se sentem atormentadas pelo mal […]. Acolher essas pessoas, acompanhar suas dificuldades, escutá-las em seus tormentos e rezar pela sua saúde integral são tarefas que o Evangelho impõe especialmente aos ministros ordenados. Muitas vezes, as pessoas atormentadas por doenças espirituais ou psíquicas esperam algo mais do que encaminhamentos médicos e psicológicos, mesmo que eles sejam indispensáveis. Elas precisam de acolhimento, atenção, bênçãos e orações” (CNBB, Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, Exorcismos: reflexões teológicas e orientações pastorais, n. 8, p. 54).
“O exorcista é, antes de tudo, um evangelizador e um sacerdote, por que qualquer que seja a origem do mal que aflige aos que se aproximam dele – seja ou não uma forma autêntica de ação extraordinária do demônio – se empenha em inculcar a serenidade, a paz, a confiança em Deus e a esperança em sua graça. E ali onde realmente se estabelece um caso de possessão diabólica, acompanhar aqueles irmãos e irmãs que estão sofrendo por causa do maligno, com humildade, fé e caridade, para apoiá-los na luta, para alentá-los no duro caminho da libertação e para reavivar neles a esperança” (Pe. Francesco Bamonte, exorcista da Diocese de Roma, Presidente da Associação Internacional de Exorcistas, 08 de julho de 2014).
Um momento bastante significativo vivido na noite, foi o da reflexão: fé cristã e ciência. O Ritual de Exorcismos prevê que o exorcista tenha, na medida do possível, um diálogo com “peritos em ciência médica e psiquiátrica, que tenham a sensibilidade das realidades espirituais” [Ritual de Exorcismos, Introdução, n. 17; cf. n. 14].
A Dra. Priscila e o Dr. João Paulo partilharam sobre a importância do diálogo entre fé e ciência e o quanto um trabalho conjunto é fundamental.
Na ocasião do lançamento, teve ainda, um momento aberto para perguntas, o qual foi muito edificante para todos os presentes, pois oportunizou tirarem dúvidas e terem maiores esclarecimentos sobre tudo o que estava sendo apresentado.
Foi uma noite marcante e de grande crescimento espiritual para todos que puderam estar presentes. Uma oportunidade de estudos, partilha e convívio fraterno.
Papa Francisco, como é possível perceber na obra, tem dado uma atenção especial ao Ministério dos Exorcismos na Igreja, primeiramente reconhecendo juridicamente a Associação Internacional dos Exorcistas (AIE), com o decreto de 13 de junho de 2014.
No Estatuto da AIE, vemos os objetivos da Associação.
“Art. 3 – A Associação se propõe como fins específicos:
- 1. promover a primeira formação de base e a sucessiva formação permanente dos exorcistas;
- 2. favorecer os encontros entre os exorcistas sobretudo a nível nacional e internacional, para que condividam as próprias experiências e reflitam juntos sobre o ministério a eles conferido;
- 3. favorecer a inserção do ministério do exorcista na dimensão comunitária e na pastoral ordinária da igreja local;
- 4. promover o reto conhecimento deste ministério no povo de Deus;
- 5. promover estudos sobre o exorcismo nos seus aspectos dogmáticos, bíblicos, litúrgicos, históricos, pastorais e espirituais;
- 6. promover uma colaboração com pessoas especialistas em medicina e psiquiatria que sejam competentes também nas realidades espirituais.”
[cf. https://aiepressoffice.wordpress.com]
“Os exorcistas manifestam o amor e o acolhimento da Igreja a quantos sofrem por causa da obra do maligno” (Papa Francisco, aos participantes do XII Congresso Internacional da Associação Internacional de Exorcistas, outubro de 2014).
Recentemente Papa Francisco, dirigindo-se aos participantes no XXVIII curso sobre o foro interno organizado pela Penitenciária Apostólica, disse:
“Quem se aproxima do confessionário pode encontrar-se em variadas situações: pode ser que sofra de distúrbios espirituais, cuja natureza deve ser submetida a um cuidadoso discernimento, tendo em conta todas as circunstâncias existenciais, eclesiais, naturais e sobrenaturais. Quando o confessor estiver se aperceber da presença de verdadeiros distúrbios espirituais – embora possam ser também psicológicos, o que deve ser verificado por meio de uma colaboração saudável com as ciências humanas – não deverá hesitar em referir-se àqueles que, na diocese, são responsáveis por este ministério tão delicado e tão necessário: os exorcistas” (Papa Francisco, 17 de março de 2017).
“O livro ‘Fenômenos Preternaturais: sobre as ações dos anjos e dos demônios‘ deseja cooperar com todos que desejam compreender a partir da fé da Igreja e de grandes estudiosos a realidade da ação preternatural, principalmente a ação de Satanás e dos seus demônios em nosso mundo. O livro não visa trazer novidades, apenas apresentar com fidelidade a fé da Igreja (Magistério, ensino dos papas, conferências episcopais, estudo de grandes estudiosos, conceituados especialistas e de renomados historiadores). É um livro primeiramente para católicos que buscam aprofundamento e clareza a respeito de assuntos ligados direta ou indiretamente sobre o tema proposto. No final da obra apresento um farto material em anexo: são temas abordados pelo magistério no decorrer da obra, mas que algumas entrevistas recentes e a apresentação e indicação de algumas obras bem atuais – no momento, sem tradução para a língua portuguesa – podem ajudar o leitor a aprofundar ainda mais tais temas através destes estudiosos mais conceituados que temos no momento na referida área abordada. Existe um dever para com a verdade, e nós cristãos católicos, precisamos conhecer a nossa fé, para, assim, tendo clareza, dar razões da nossa esperança a todos quantos nos pedirem (cf. 1Pd 3,15)” (Pe. Pedro Paulo Alexandre).
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:: Fenômenos preternaturais ::
Sinopse
Esta obra é única em nosso país. O autor, após anos de estudos sobre Angeologia e Demonologia, conseguiu reunir textos preciosíssimos sobre essa importante área da teologia – infelizmente ainda bem pouco conhecida, mesmo entre os fiéis católicos. Alguns textos significativos do Magistério da Igreja, que por circunstâncias diversas, principalmente tradução, eram desconhecidos no Brasil, são apresentados aqui. O livro aborda o tema de maneira ampla e bastante completa, tudo bem fundamentado e explicado sob a ótica das Sagradas Escrituras, Teologia, Magistério, Mística, Ascética, Espiritualidade, Pastoral. Assuntos de grande urgência pastoral, como cura, libertação e exorcismo, ganharam uma atenção especial, evidenciando a necessidade da Igreja em acolher, como gesto concreto de misericórdia, todos que padecem de sofrimentos ligados às ações preternaturais. Este estudo é, sem dúvidas, fundamental e essencial para todos aqueles que atuam na área de oração por cura e libertação e que desejam conhecer, em nosso tempo, as mais diversas realidades que, de alguma forma, direta ou indiretamente, têm uma relação com o tema aqui tratado.
Ficha técnica
Título: Fenômenos Preternaturais: sobre as ações dos anjos e dos demônios
Autor: Pe. Pedro Paulo Alexandre (org.)
Seção: Angeologia e Demonologia
Formato: 16 cm x 23 cm
Páginas: 621
Editora: Imaculada
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Onde encontrar a Obra:
Livraria Catedral:
Rua Padre Miguelinho, 74, Centro
Florianópolis (SC)
Fone: (48) 3223-4172