Neste mês da Bíblia, o Jornal da Arquidiocese traz uma entrevista especial com o Pe. Gilson Meurer, 42 anos, que retornou de Roma, Itália, no dia 03 de agosto, após concluir o Doutorado em Teologia Bíblica. Natural de Florianópolis, Pe. Gilson assumiu também no mês de agosto, como pároco na Paróquia Santa Cruz, em Areias, São José. Acompanhe a entrevista.
Jornal da Arquidiocese – Padre Gilson, relate-nos como foi sua experiência em Roma, com relação à Palavra de Deus no dia a dia dos italianos, da Paróquia em que o senhor foi vigário.
Pe. Gilson Meurer – O interesse existe: A Igreja da Traspontina, em Roma, por exemplo, faz toda semana a leitura orante da Bíblia e conta com grande afluxo de pessoas. Nos cursos e seminários bíblicos promovidos pelas universidades pontifícias, a presença de leigos é sempre grande. Nas paróquias, os movimentos e pastorais adotam frequentemente as Escrituras como fonte de espiritualidade. Não conheci, porém, grupos de famílias que se reunissem nas casas para ler e meditar a Bíblia. Na minha paróquia, toda a semana celebrávamos a Liturgia da Palavra, dedicando mais tempo à meditação, oração, silêncio e comentário das leituras do dia (ou de leituras temáticas escolhidas).

JA – Qual a importância de se meditar a Palavra de Deus diariamente, seja em família, trabalho ou outro ambiente?
Pe. Gilson – As Escrituras são a alma da nossa fé e, por isso, alimentam nossa esperança, nossas decisões, nossos projetos de vida. Encontrar todos os dias uma ocasião para ler as Escrituras reforça o cristão nas suas opções em meio a esse mundo de tantas propostas.
JA – Na sua opinião, o senhor acha que as pessoas estão lendo mais a Bíblia hoje? Por quê?
Pe. Gilson – É ambivalente: quem acredita procura as Escrituras e cursos específicos para conhecer e aprofundar sua fé. Quem não crê ou é indiferente, a Bíblia não possui qualquer incidência na sua vida. Existe, de fato, muita ignorância das Escrituras.
JA – Padre Gilson, por que há anos consecutivos, a Bíblia é o livro mais vendido no mundo? O que a faz estar sempre nesta posição?
Pe. Gilson – Sendo o livro por excelência da revelação de Deus para judeus (AT) e cristãos (AT e NT), com a facilitação da sua aquisição, e com a difusão de obras que a tornam mais compreensível, as pessoas não temem tomar uma Bíblia para rezar e meditar, além de reconhecerem nas suas páginas uma sabedoria tão antiga quanto atual, humana e divina.
JA – A pessoa que não tem o hábito, a prática de ler, meditar a Palavra de Deus no dia a dia, pode começar por onde? Por algum Livro específico? Qual a dica que o senhor pode deixar?
Pe. Gilson – Penso que se possa começar pelas narrações: os Evangelhos, Atos dos Apóstolos, no Novo Testamento; Gênesis e Êxodo no Antigo. Recomendo uma leitura sequencial, do início ao fim do livro, acompanhando o progresso narrativo, e não leituras de perícopes isoladas ou aberturas em páginas aleatórias. É importante considerar o contexto histórico e cultural no qual o livro foi redigido, bem como a sua finalidade de fé (não é manual de história, embora relate também história).
Matéria publicada na edição de setembro de 2016 do Jornal da Arquidiocese, página 07.