Lectio (leitura): “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito. Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias” (Lc 4,1-2a).
Meditatio (meditação): Conduzido pelo Espírito, Jesus vai ao deserto, onde é tentado. Ele trilha o caminho percorrido pelo povo de Israel. Durante 40 anos, Israel ficou no deserto. Na escassez de água e de comida, o povo sofreu as tentações de querer voltar ao Egito, ao antigo regime de escravidão e opressão, caindo, inclusive, no pecado da idolatria e na murmuração contra Deus. Jesus, embora tentado, não caiu na tentação. Obediente ao Pai e fortalecido pelo Espírito, superou as fortes tentações egoístas do ter, do poder e do prazer. Vencendo o tentador, Cristo oferece ao ser humano seu projeto de vida e libertação e transforma os desertos de nossas vidas em verdadeiros oásis de amor e graça.
Oratio (oração): “Pai, não nos deixeis cair em tentação; mas livrai-nos do mal”.
Contemplatio (contemplação): Assim fala o Senhor: “Pois, agora, eu é que vou seduzi-la, levando-a para o deserto e falando-lhe ao coração” (Os 2,16). Como místicos do deserto, contemplemos o Senhor que nos conduz à solidão para nos falar de coração a coração.
Missio (missão): A Quaresma é tempo de graça, é kairós. É tempo de se retirar e se deixar conduzir pelo Espírito Santo ao deserto. Tempo de conversão, a Quaresma nos leva a superar as tentações que tanto nos afligem e angustiam. Embora tentados, desejamos vencer as más seduções da vida que nos aprisionam e nos fazem sofrer. Neste êxodo quaresmal, rumo à Páscoa da libertação, queremos nos empenhar na luta contra o mal, através da prática do bem. Fazendo o bem, sem olhar a quem, venceremos todas as tentações, sustentados pelo Espírito Santo, guia de nossas almas.
Por Pe. Wellington Cristiano da Silva
Artigo publicado na edição nº 220 do Jornal da Arquidiocese
Fevereiro de 2016