Viver o amor e sair de si são algumas das dicas do Arcebispo para a Campanha da Fraternidade 2015

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Viver o amor e sair de si são algumas das dicas do Arcebispo para a Campanha da Fraternidade 2015

O Arcebispo da DSCN7220Arquidiocese de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, concedeu entrevista para jornalistas sobre a Campanha da Fraternidade 2015 que tem como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir!” (cf. Mc 10,45).

          A mesma entrevista também foi concedia para a Revista A Palavra, de Brusque, e o Jornal Voz do Divino, de Santo Amaro da Imperatriz.Confira na íntegra.

Jornal da Arquidiocese: A Campanha da Fraternidade traz um assunto da atualidade no contexto social para ser debatido. O que o lema quis abordar?

Dom Wilson: O objetivo principal é chamar atenção para algo muito importante. A Igreja está presente na sociedade e recebe influência dela, mas também influencia a sociedade. Há uma relação muito importante entre a sociedade como um todo e a fé dos cristãos. A presença da Igreja no mundo deve tornar o mundo melhor. O importante nessa CF é mostrar que a Igreja sempre esteve presente, atuou na sociedade. Não no sentido de buscar poder político, mas no sentido de servir a sociedade.

A Igreja sempre esteve presente muito forte na assistência aos doentes, por exemplo. O hospital é uma criação da Igreja. O Estado passou a se preocupar há cerca de 50 anos, e há 2000 anos a Igreja cuida dos doentes.

Um outro campo onde a Igreja sempre esteve presente foi na educação. Pense um pouco o que seria da educação no Brasil sem a presença da Igreja? Se hoje a Igreja fechasse as escolas, a educação no país entraria num “curto circuito”.

O principal da Igreja é que a pessoa de fé quer o bem comum, e isso exige atitudes políticas que tornem a sociedade melhor. Essas atitudes serão sempre apoiadas pela Igreja. Se olharmos hoje, a Igreja sempre esteve envolvida com os menos favorecidos. Quando houve a questão da AIDS, por exemplo, a primeira instituição que organizou um trabalho para exames foi a Igreja.

Algumas coisas evoluíram na questão da saúde, pois não trabalhamos apenas recebendo os doentes, mas também na prevenção da saúde. A Pastoral da Saúde é uma inovação por tratar das pessoas, lidar com recursos da natureza em vista da saúde, a fitoterapia.

A entrada na política também é importante, pois é através disso que temos uma grande influência de como a sociedade deve viver. Não só atender necessidades, mas traçar planos. Por isso a Igreja insiste na participação em conselhos políticos: comunitários, da saúde, do idoso, do adolescente. A Igreja deve estar ali dentro para ser presença cristã. Vida cristã não é só eu e Deus. Esse eu e Deus me obriga a olhar para o lado e lutar pelo bem estar do próximo. Aí consiste o amor ao próximo.

JA: A CF apresenta a questão missionária. Onde o senhor vê que a Arquidiocese pode chegar com essa Campanha?

DW: A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos traz as cinco urgências. E uma delas é exatamente a “vida para todos”. Outra urgência é ter uma missão permanente. O Documento de Aparecida fala sobre sair da mera conservação para uma Igreja missionária. A mera conservação seria uma Igreja cuidando de suas celebrações internamente. O Papa tem insistido que isso acomoda, apodrece, conforta, deixa doente. A pessoa tem que sair para fora, tem uma missão a construir perante a sociedade. Se nós vivermos o amor para o outro, construiremos uma sociedade melhor.

Ser missionário é sair. Sair da sacristia, sair de onde estamos para o meio da sociedade e torná-la melhor. A presença do cristão deve fazer diminuir a violência, a droga, os necessitados.

JA: O plano pastoral da Arquidiocese fala sobre a caridade. Como a CF pode ser aproveitada para trabalhar essa frente?

DW: Já existem muitas alternativas na Diocese. Temos a ASA (Ação Social Arquidiocesana) presente em todas as 70 paróquias, por exemplo. Muitos tem atendimento a pessoas que precisam de comida, roupa, assistência, crianças que necessitam de maior atenção. São essas coisas que sustentam a sociedade. A Igreja não é única, mas eu diria que é a principal força. A CF insiste: onde tiver uma iniciativa boa, a Igreja vai apoiar.

JA: Como vai ser trabalhada a Campanha da Fraternidade nas paróquias?

DW: A Campanha propõe a reflexão do conteúdo. Tomar consciência que temos papel na sociedade. Temos que ler, refletir, até para entender historicamente a percepção que a Igreja sempre teve.  Uma vez tomada essa consciência, cada comunidade vai entender quais serão suas ações, ver as necessidades, onde se devem incrementar as atividades.

JA: Quais são as maiores necessidades da Arquidiocese, onde a Igreja pode ser mais presente?

DW: Como falei, a política é uma presença não suficiente. Além disso, Florianópolis e arredores tem uma população de rua que está sendo atendida. Se faz um bom trabalho, especialmente com o Instituto Pe. Vilson Groh. Mas, às vezes, na comunidade se vai perguntar onde pode achar uma casa de acolhimento, muitas vezes não se sabe, pois não se tem uma consciência disso.

Além disso, os idosos estão aumentando consideravelmente. As famílias tem menos gente e muito idoso ficando em casa o dia todo, as vezes até na cama. Temos que nos organizar no sentido de dar atenção a esses idosos, sobretudo os mais necessitados, pois se trata de um contato humano. Estamos pensando qual é a melhor forma, pois os asilos estão todos cheios. O Governo se preocupa com excelência, mas acaba sendo um entrave. Qual o idoso ou a família que consegue pagar R$ 4.000 (quatro mil reais)? As pessoas começam a ser desencorajadas diante disso.

Outra proposta que está surgindo será a de fazer um asilo tipo creche. Durante o dia se acolhe, de noite fecham. Seria um custo menor. Atenderia uma boa parte da população.

JA:A CNBB promove a coleta da fraternidade como um dos gestos concretos da Quaresma. Qual a importância da coleta desse ano?

DW: A finalidade é sempre a mesma. A coleta tem um significado dentro da campanha, ou seja, deve ser fruto do espírito do qual se vive a Quaresma. A coleta é feita toda para fins sociais, ou seja, 40% vão para as obras da CNBB nacional e 60% fica para a Arquidiocese. Então, constitui-se um fundo nacional e diocesano de solidariedadede solidariedade. A partir disso, desenvolvem-se projetos sociais. Na Diocese são 20 ou 30 projetos que se fazem a partir desses fundos. Uma pessoa é encarregada disso e as paróquias e comunidades apresentam os projetos. Há todo um regulamento de como aplicar esse dinheiro.

 

 

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