Palavra do Arcebispo: Poder e Graça

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Palavra do Arcebispo: Poder e Graça

A Carta aos Gálatas, cujo conteúdo foi proposto para a reflexão do mês da Bíblia, apresenta a novidade da mensagem de Cristo como a superação de tudo o que oprime e escraviza o ser humano. Mostra que o cristianismo é conquista da liberdade de todos os poderes que sufocam a vida. As forças em que os homens colocavam sua confiança eram o exército usado pelas grandes nações que conquistaram o mundo. Entre os judeus esta força era representada pela Lei, o conjunto de normas morais e regras religiosas que oprimiam o povo. São Paulo apresenta com toda clareza que a fé em Cristo Jesus liberta destas forças e convida a construir uma nova realidade. É para liberdade que fomos chamados.

De um lado São Paulo cita um elenco de situações que escravizam: as forças militares, os reinos, o paganismo e todas as obras da carne. Estas provocam desigualdade, divisões, discriminações, buscam a vanglória, a inveja, o triunfalismo, destroem a vida. De outra parte, apresenta os frutos do Espírito de Cristo que se tornam a marca da comunidade: liberdade, filiação divina, fraternidade, igualdade, unidade. É a superação de tudo que provoca a morte. Surge como um novo horizonte e uma nova configuração da vida na sociedade. Tudo que constrói a comunidade vem do Espírito Santo.

O teólogo espanhol José Ignacio Gonzalez Faus deixa interessante reflexão sobre poder e graça. “O poder serve para muitas coisas. Mas não serve para que os homens se tornem bons; não serve para libertar ou curar a liberdade humana, só serve para suprimi-la. A graça, ao contrário, faz bons os homens e liberta a liberdade humana. O poder obriga, a graça ajuda. O poder cria quartéis ou campos de concentração; o carisma edifica a comunidade. O poder impõe silêncio, o carisma fala com o silêncio… O poder se atribui carismas, o carisma não se atribui poderes. O poder suplanta o Espírito, o carisma faz transparecer o Espírito. E por isso o poder acaba por levantar a cruz, e o carisma acaba por morrer pregado nela” (El Ciervo, Novembro, 1985, 6).

Dom Wilson Tadeu Jönck

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