Uma Quaresma diferente – Por Pe. Francisco de Assis Wloch

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Uma Quaresma diferente – Por Pe. Francisco de Assis Wloch

Em unidade com a QuaresmaCampanha da Fraternidade, uma Quaresma para o serviço

“Esta, queridos Irmãos, é uma hora de graça para todos nós e para a Igreja que peregrina na América. … Hora de graça e também de grande responsabilidade”.  Assim iniciava o discurso de abertura da Quarta Conferencia Geral do Episcopado Latino Americano, do saudoso Papa João Paulo II, hoje, São João Paulo II. Como recordo com carinho essa sua afirmação!

Viver hoje, num mundo com tantas possibilidades e facilidades é grande graça e, também, grande responsabilidade. Tinha razão São João Paulo II. Graça recebida, responsabilidade assumida. Como cristãos e como Igreja, temos diante de nós este desafio: responder às graças recebidas.

A Quaresma oferece esta possibilidade de resposta. A Campanha da Fraternidade, realizada no Brasil, desde a década de 1970, é uma forma privilegiada de darmos esta resposta e celebrarmos, de um jeito diferente, a cada ano, o grande mistério da Paixão, morte e Ressurreição de Jesus. Ela se coloca como um “pano de fundo” para a celebração deste mistério da nossa fé. Que grande graça!

Origem e sentido da Quaresma

Já conhecemos sua origem e seu sentido, mas não faz mal relembrá-la. A Quaresma é este período de quarenta dias, durante o qual nos preparamos para celebrar a Ressurreição de Jesus, base da fé cristã. Neste tempo, desde a quarta-feira de cinzas até a quarta-feira da Semana Santa, somos convidados a um confronto especial entre nossas vidas e a mensagem cristã, revelada no Evangelho. Esse confronto deve levar-nos a aprofundar nossa compreensão da Palavra de Deus e a intensificar a prática dos princípios essenciais da fé cristã.

Inicialmente este período de preparação para a Páscoa era breve. Por volta do ano 350 d.C., a Igreja decidiu aumentar esse tempo (era de três dias apenas)-  ele não desapareceu; permaneceu como Tríduo Pascal, como ainda hoje é celebrado. Assim, a preparação para a Páscoa passou a ter quarenta dias. Percebeu-se que três dias eram insuficientes para que se pudesse preparar adequadamente tão importante e central mistério. Surgia a Quaresma.

Durante esse tempo, registra a história, adultos que estavam sendo iniciados na vida cristã, depois de uma longa preparação (em torno de três ou quatro anos) terminavam essa iniciação e, amparados pela comunidade, recebiam o Sacramento do Batismo, na noite da Solene Vigília Pascal (rito ainda presente na liturgia da Igreja).

A penitência e a Quaresma

A Quaresma tem dimensão batismal, mas também uma dimensão penitencial, como diz a Constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia: “Ponham-se em maior realce, tanto na Liturgia como na catequese litúrgica, os dois aspectos característicos do tempo quaresmal, que pretende, sobretudo através da recordação ou preparação do Batismo e pela Penitência, preparar os fiéis, que devem ouvir com mais frequência a Palavra de Deus e dar-se à oração com mais insistência, para a celebração do mistério pascal” (SC 109).

Na sua dimensão penitencial, a Quaresma é, para todo cristão, tempo de tomada de consciência dos próprios pecados, tempo de busca de Deus, tempo de conversão, de renovação interior no pensar, no amar e no agir. E isto não se realiza sem esforço.

A Quaresma é tempo forte de conversão, de mudança interior, tempo de assumir tudo o que traz vida para nossas comunidades. Tempo de graça e salvação, onde nos preparamos para viver o momento mais importante do ano litúrgico, a Páscoa. Sem dúvida, uma oportunidade para a busca do Sacramento da Penitência. Ocasião para uma boa confissão.

Quaresma e CF

Celebrar a Quaresma é juntar-se em mutirão, como povo de Deus, em busca da verdadeira libertação. A dimensão comunitária da Quaresma é, no Brasil, enriquecida pela Campanha da Fraternidade. Em razão dos temas que propõe, ela nos ajuda a viver concretamente a experiência da Páscoa de Jesus nas páscoas do povo.

Este ano, em razão da comemoração dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II, a Igreja quer que aprofundemos, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo próprio Concílio, como um serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus (cf. Objetivo Geral da CF 2015).

Quaresma e o “Ano da Paz”

Motivo a mais para um viver com mais profundidade a Quaresma deste ano de 2015. O Ano da Paz, proclamado pelos Bispos do Brasil, se torna convite imperioso para reflexão sobre as causas de tantos acontecimentos violentos que cercam nossas vidas.

“A violência é a decadência do conviver; fruto da exclusão, da rejeição. Falta de amor nas relações. A paz é fruto da participação de todos na construção de uma sociedade em que todas as pessoas e famílias podem viver, educar os filhos e ter oportunidade de futuro”, observou Dom Leonardo Ulrich Steiner, Secretário Geral da CNBB.

Palavra final!

Quaresma é “hora de graça”. Façamos dessa, a melhor Quaresma de nossas vidas. Sejamos mais solidários e fraternos. Vivamos nossa fé, plenamente inseridos na sociedade. Busquemos a paz. Lutemos pela paz, porque “somos da Paz”!

Por: Pe. Francisco de Assis Wloch
Subsecretária Adjunto de Pastoral da CNBB/Brasília
Pe. Francisco de Assis WlochQuaresma

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