Palavra do Arcebispo: O vírus e as pragas do Egito

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Palavra do Arcebispo: O vírus e as pragas do Egito

Os israelitas saíram do Egito só depois que o país foi atingido por dez pragas. Não sei o que os egípcios aprenderam com o castigo. O que nós podemos aprender com a “praga” coronavírus encontramos em dez “transgressões” enumeradas por Pe. Deolino Baldissera em artigo escrito durante o período de quarentena. Aproveito para transcrevê-los livremente.

1) “Quebramos a aliança com Deus e elegemos o capital como centro de nossas vidas.

2) Agredimos a natureza de modo injustificável por causa da ganância, daí produzimos o efeito estufa e suas consequências.

3) Nos iludimos com nossas conquistas científicas que facilitam a nossa vida e traz tantos benefícios, mas nos viciamos em joguinhos de computador que consomem horas e anestesiam a capacidade de pensar.

4) Esquecemos das práticas de boas relações e vizinhança porque temos que dedicar o tempo para os nossos compromissos inadiáveis.

5) Nossa vocação ao trabalho tornou-se “metas a atingir”, com horas extras e luta por posição de chefia. “Tempo é dinheiro”, geramos assim os descartáveis, especialmente idosos, crianças e jovens – estão fora do mercado.

6) Os valores das tradições foram trocados por “modernismos” que os rejeitam e não os integram.

7) O sentido da nossa vida esvaziou-se, gerando um fenômeno alarmante de “depressão” com suas consequências: suicídios, drogas e outros vícios.

8) A explosão de agressividade verificada nos diferentes níveis de convivência: na vida familiar, na vida política, nas relações internacionais disseminam ódio, egocentrismo, individualismo, sem falar na produção de armas destrutivas.

9) A indiferença globalizada tornou-se marca registrada de nosso tempo – cada um cuide de si e o resto não quero saber.

10) Nossa espiritualidade virou pneu furado, esvaziou-se, e a vida ficou ao léu, sem rumo, sem ponto de chegada”.

O retiro compulsório provocado pela ameaça do “coronavírus” é uma oportunidade para tomar consciência de como estas “escolhas negativas” se tornam o centro de nossas vidas. É preciso aprender a viver sem elas. Não são elas que garantem o sentido das nossas vidas. É hora de “endireitar as veredas”. “Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva” (Ez 18,23).

Artigo publicado na edição de fevereiro de 2020 do Jornal da Arquidiocese, página 2.

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