Centenário de Monsenhor Zucco – Por Pe. José Artulino Besen

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Centenário de Monsenhor Zucco – Por Pe. José Artulino Besen

Filho de Angelo Henrique Zucco e Henriqueta Thereza 007Zen, Augusto nasceu em Brusque em 5 de março de 1915, de numerosa família católica. Após os estudos no Seminário Menor de Azambuja, cursou teologia e filosofia no Seminário Maior de São Leopoldo, RS. Foi ordenado padre na catedral de Florianópolis, em 31 de dezembro de 1939.

No primeiro ano de padre foi professor no Seminário de Azambuja (1940) e no segundo, vigário paroquial de São José em Criciúma e São Marcos em Nova Veneza (1941).

Seu nome se identifica com a paróquia São Sebastião de Tijucas, da qual foi pároco de 16 de janeiro de 1942 até sua morte, em 1987: 45 anos de trabalho fecundo e feliz. Ali foi sucessor do sempre lembrado Pe. Dr. Jacó Slater, cujo túmulo continua a ser visitado por inúmeros devotos que agradecem graças recebidas.

Durante um bom número de anos a Igreja no Vale do Tijucas foi presidida por dois “generais”, zelosos e vigilantes, que emanavam autoridade moral e disciplina: Mons. José Locks em São João Batista e Mons. Augusto Zucco em Tijucas. Formaram uma Igreja paroquial, disciplinada, comunitária e fiel. Dois padres que também competiam em  teimosia.

Alto, gordo, olhos miúdos em tez franzida, à primeira vista Pe. Zucco parecia “perigoso”, mas logo se sentia a presença de um coração sacerdotal, atencioso no ouvir, generoso no atender os pobres, incansável no trabalho. Dava autorização a uma padaria, farmácia e agência de viagens para atender aos pedidos dos necessitados que para lá se dirigiam com um bilhete do Monsenhor.

Gloriava-se de nunca tirar férias e se admirava do padre que tinha tempo para essas coisas, um modo de dizer que trabalhava sempre, e mais do que os outros, o que era verdade. Com enorme apetite para o trabalho, era impaciente para formar lideranças: dizia que fazia tudo sozinho porque era mais fácil, sabia fazer sozinho e em Tijucas “ninguém” queria aprender… E assim tomava as decisões, como a escolha do local para a nova igreja matriz e de outras igrejas cuja construção liderou. Bom administrador, criou estruturas materiais permanentes de manutenção paroquial.

Por um bom tempo, Monsenhor (como era chamado depois que recebeu o título em 1964) teve o apelido de “domador de padres”: ir para Tijucas era quase um caminho normal para o padre recém-ordenado, que lá permanecia uns poucos anos. É que Monsenhor controlava o trabalho dele, entrada e saída, chegando a deixar o padre na rua se chegasse muito tarde, disciplinava, enfim. Ao retornar de uma capela, vinha a pergunta: “quantos estavam na igreja?” À resposta “uns cem”, Monsenhor logo diria: “comigo são sempre quase duzentos!”.

Não era saudosista, aceitava com alegria a Igreja renovada pelo Concílio. O que era para o bem da Igreja e do povo, aceitava logo.

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Pe. Augusto Zucco – primeiro em pé, à direita, e à esquerda, Pe. Ernesto Pretti – Santas Missões em Tijucas.

UM PADRE FELIZ COM A PASSAGEM DO TEMPO

Padre Zucco era um pároco feliz e bem casado com a rotina: a cada ano tudo fazia como se fosse a primeira vez na vida. Nada lhe era rotineiro: ensaiava cada primeira Comunhão, tirava e vendia as fotografias, se alegrava como se fosse a primeira vez, e eram tantas após décadas.

Exaltava a qualidade de suas obras: os sinos de aço que adquirira eram muito superiores aos “ultrapassados” de bronze”, o teclado eletrônico era melhor que o órgão de tubos, a que “ninguém” mais dá valor. Era uma criança feliz naquele corpão imenso de padre zeloso: suas missas eram as mais participadas, suas crianças as melhor preparadas, suas festas, tudo enfim, para alegria de Monsenhor. Esse espírito jovem o levou a enfrentar exames e aulas para obter a licenciatura em filosofia pela Faculdade de Ijuí, RS, em 1969-1970: “não serve pra nada, mas mal também não faz e os tempos mudaram. E ninguém sabe o que vem por aí”. E assim, podia encarar os padres novos em pé de igualdade.

De bem com todos, liberto de apegos humanos. Era amigo dos padres e promotor vocacional. Sempre presente nos Retiros, cursos, assembléias, encontros. Dizia que não aprendia muito, mas “a gente tem que participar”. Foi tão marcante esse aspecto de seu caráter sacerdotal que o presbitério escolheu seu nome para denominar a associação dos padres da arquidiocese de Florianópolis: Associação Padre Augusto Zucco – APAZ.

Enquanto viveu, as reuniões gerais do clero eram em sua paróquia: ele fazia questão disso. Enviou muitos jovens para o Seminário, neles depositava extrema confiança e, depois, os via retornando, um a um. Com exceção do sobrinho que morava em Oliveira, o Pe. Sérgio Giacomelli, ordenado em 1975.

Como Monsenhor Augusto Zucco achava que sua saúde era a melhor do mundo, que não necessitava de descanso, seu coração parou em 25 de maio de 1987, aos 72 anos. Tijucas perdia um pai, a Igreja um grande pastor de almas, e dele ficou a mensagem do zelo pela Casa de Deus, da alegria de servir.

Pe. José Artulino Besen

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