Igreja reflete identidade e missão dos leigos no 5º Interdiocesano

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Igreja reflete identidade e missão dos leigos no 5º Interdiocesano

Enviados a ser “sal da terra, luz do mundo e fermento na massa”. Com fé e entusiasmo, cerca de 1.700 delegados das dioceses de Criciúma e Tubarão e da Arquidiocese de Florianópolis estiveram reunidos, durante todo o dia de domingo, 16, por ocasião do 5º Interdiocesano de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs)/ Grupos Bíblicos de Reflexão/Família.

O encontro foi acolhido pela Paróquia Nossa Senhora da Oração, da Diocese de Criciúma, em Turvo, no Sul do Estado. A concentração teve início no Centro de Eventos do município, que ficou completamente tomado pelos leigos membros de CEBs/GBR/Fs, além de padres, diáconos e religiosas. A Arquidiocese de Florianópolis se identificava pela cor azul, a Diocese de Tubarão pela cor vermelha e a Diocese de Criciúma pela cor verde.

Com tema “Cristãos leigos e leigas nos desafios do mundo urbano – Igreja em saída – a serviço do Reino de Deus e sua justiça” e o lema “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5, 13-14), o Interdiocesano teve a saudação inicial feita pelo Presidente do Regional Sul 4 da CNBB e Bispo de Tubarão, Dom João Francisco Salm, que cumprimentou especialmente os leigos e leigas. “Estamos no ano que lhes é dedicado. Um ano de reconhecimento da Igreja do Brasil por tudo aquilo que vocês representam, suas organizações, seu trabalho em nossas comunidades, em nossas paróquias, em nossas dioceses, na Igreja. É um ano de também dizer um grande muito obrigado; ao mesmo tempo, um ano de conhecer e aprofundar a identidade dos leigos, sua vocação, sua missão”, disse Dom Salm. 

O Presidente da CNBB Sul 4 falou aos leigos sobre a importância de ser sal que dá sabor e da importância do protagonismo dos leigos como sujeitos na Igreja e também na sociedade. Dom Salm também lembrou as demais dioceses de Santa Catarina que nesse domingo também realizaram seus encontros dentro da proposta do Ano Nacional do Laicato.

“Dentro desse espírito, está aquilo que o Papa Francisco, num documento recente, chama de ‘uma nova chamada’, uma recordação à vocação universal da santidade. No Documento 105, fala-se da importância de toda a nossa atividade pastoral ter, no horizonte, a santidade. E a santidade se dá na vida de cada dia, no trabalho da mãe, do pai, do trabalhador, trabalhadora, na cidade, na roça, porque é ali que a gente põe em prática o Evangelho. Isso vivido nos pequenos grupos de família, bíblicos, de reflexão, alimentados por tudo que se realiza e pelo modo que isso dignifica, depois, na vida. Fica aqui esse convite, esse chamado à santidade. Diz o próprio Documento 105 que os santos movem o mundo e a santidade dos leigos é a beleza da Igreja. É a santidade vivida assim nessa luta diária do ser, no esforço de quem sabe em quem acredita e não deixa de jeito nenhum levar-se pelo desânimo”, acrescentou o Bispo de Tubarão, que finalizou sua fala recordando as características do ser cristão apontadas pelo Papa Francisco.

A animação musical do Interdiocesano foi conduzida pelo grupo Mensageiros de Cristo, de Araranguá, com a apresentação do Coordenador de Pastoral da Diocese de Criciúma, padre Joel Sávio, e da jornalista Eliane Gonçalves. Antes da oração inicial, preparada pela Diocese de Tubarão, os participantes do encontro acolheram os bispos de suas dioceses. Além de Dom João Francisco Salm, o Bispo de Criciúma, Dom Jacinto Inacio Flach, e o Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, também saudaram o grande grupo de delegados.

A primeira assessoria da manhã foi conduzida pelo leigo Ênio Leonardo Rocha Cândido, que falou a respeito da Identidade do Leigo. “A minha pertença ao Senhor se dá por obra d’Ele, na graça do Batismo. Diz a Lumen gentium que, pelo nome ‘leigos’, são compreendidos todos os cristãos, exceto os membros da ordem sacra e do estado religioso aprovado pela Igreja. Esses fiéis – nós, mulheres e homens aqui presentes – fomos incorporados a Cristo pelo Batismo. Então não podemos perder nunca esse chão que nos sustenta e nos dá firmeza no nosso apostolado, na nossa missão. A união vital com o Cristo Jesus, com o seu Evangelho que nos envolve no seu amor, que nos envolve na sua misericórdia e que nos diz: Ide e buscai o reino de Deus; ide e não esquecei a sua justiça; e nessa busca, ir com amor, amando, semeando, espalhando o amor”.

A segunda assessoria teve por tema “a Missão da Leiga e do Leigo na Igreja e no Mundo”, conduzida pela leiga Carla Cristina Guimarães. “A missão que compete, propriamente, a cada um de nós, como o Ênio bem disse, surge quando somos batizados. A partir do momento em que somos batizados, somos acolhidos por uma comunidade eclesial e ali começa a nossa missão. Não é alguém que delega. Não é um padre da comunidade, ou bispo, enfim. Eles nos chamam, nos convidam, mas o chamado a ser leigo na Igreja vem a partir do nosso Batismo. Os nossos pastores, nossos padres são aquelas ferramentas, instrumentos que nos ajudam a viver esta nossa missão. Ser leigo é uma parte e uma ordem eclesial dentro da Igreja. Não somos meros trabalhadores, meros voluntários; pertencemos a uma ordem eclesial, temos uma identidade própria. Imagine a sua comunidade sem a presença do leigo, como ela estaria? Sem a catequese, sem o trabalho dos grupos? Nossa missão é fundamental! Isso requer uma identidade, uma espiritualidade, uma dignidade e uma vocação específica”, pontuou Carla.

Os assessores motivaram os participantes do Interdiocesano para sua atuação além do espaços eclesiais, engajados na sociedade como instrumentos de ação sócio transformadora, profética, evangelizadora, seguindo o testemunho de Jesus na prática, ajudando a melhorar a vida dos irmãos e irmãs.

“A gente precisa conhecer o funcionamento das estruturas do nosso país, do nosso Estado, do nosso município. É importante sempre termos análises de conjuntura: Por que há fome? Por que há desemprego? Por que as pessoas ainda passam necessidade? Por que aquilo que é garantido em Lei, desde 1988, não é concreto em nossos dias? Nessa Igreja missionária da qual nós somos sujeitos, precisamos ter clareza dessas realidades, entender as estruturas que nos governam e aonde nós estamos inseridos, para que esta Igreja seja uma Igreja encarnada na vida do povo; uma Igreja que traz respostas pastorais, respostas eclesiais às necessidades do povo. Não é resolver a vida do povo, isso não é o nosso papel: nosso papel é orientar, possibilitar alternativas de melhora para a vida das pessoas. Nosso papel não é dar casa, comida, saúde para todos; isso é papel do Estado. Nosso papel é abrir os olhos de quem não tem e possibilitar que as pessoas tenham acesso. Isso é uma Igreja missionária”, completou Carla Cristina.

Às 11h15, teve início a Missa, presidida por Dom Jacinto. O Bispo de Criciúma iniciou sua homilia expressando a alegria em nome da Diocese por acolher o encontro. “Este é um momento muito especial em que nós celebramos os Grupos de Família, de Reflexão, Grupos Bíblicos: uma Igreja onde as pequenas comunidades são alimentadas pela Palavra de Deus, pela partilha, pela solidariedade e pela vivência da sua fé”.

Dom Jacinto disse que a liturgia do dia foi bastante sugestiva a ocasião, por colocar algo fundamental para a vida do cristão: a fé. “Uma fé que deve resistir a tantas contrariedades e objeções que vão aparecendo, seja na nossa família, na nossa comunidade, em todos os ambientes, somos desafiados, muitas vezes, querendo nos desanimar. Sabemos que quando partilhamos a nossa vida, seja nos grupos de famílias, de reflexão, bíblicos, nós ali juntamos nossas forças e partilhamos coisas maravilhosas e bonitas que Deus realiza através de nós. A segunda leitura nos mostra, exatamente, que fé temos que ter: uma fé inabalável em Jesus Cristo – é Ele que dá o sentido e a força para que tenhamos uma fé não apenas em teoria, com ideias abstratas, distantes daquilo que vivemos no dia a dia; esta fé não serve, pois é uma fé que não faz a diferença, que nos acomoda e nos deixa indiferentes aos nossos irmãos e irmãs; essa não é a fé que Deus quer. Se Ele é o Senhor e nos trouxe aqui e nos faz participar, nesse dia, deste encontro maravilhoso por causa d’Ele, através d’Ele nós somos chamados a assumir a nossa cruz. Não dá para seguir o Cristo querendo esquecer a cruz, querendo criar um mundo de bem estar. O mundo que queremos é de fraternidade, de amor e de paz, onde o Evangelho seja aquele que Cristo nos deixou para nossa constituição, que sempre deve nos reger na vida”, disse Dom Jacinto.

Fotos do evento neste link. 

O Bispo de Criciúma exortou todos a terem sempre uma fé viva diante dos desafios e não a terem medo da cruz. “A cruz não é algo que nos oprime, que nós destrói; mas algo que nos edifica, engrandece, porque é sinal da vitória. Cada um e cada uma que está aqui sabe da sua cruz, como ela se apresenta, e como levá-la, se tiver fé em Cristo, na sua comunidade, na sua Igreja, no seu grupo. Ali está a sabedoria. Não vamos desanimar nunca! Somos pessoas de esperança no coração, na vida e na comunidade!”, pontuou o Bispo, ao caracterizar os grupos de reflexão como “comunidades de comunidades”, “células tão cheias de vida que alimentam toda a nossa Igreja”.

Após a missa, os participantes do Interdiocesano tiveram uma pausa para o almoço em forma de partilha. No início da tarde, as dioceses encenaram três atos que permearam a caminhada até a praça da Igreja Matriz. Ainda no Centro de Eventos, o tema “Sal da terra” foi apresentado pela Diocese de Criciúma. Já no meio do trajeto, durante uma parada na avenida principal da cidade, a Arquidiocese de Florianópolis apresentou o tema “Luz do mundo”.

A chegada na praça da Igreja Matriz contou com a apresentação do tema “Fermento na massa” e a bênção de envio conduzida pelo Arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck. “Vamos ser fermento na massa quando predominar o amor na nossa vida, nas nossas atitudes. São Paulo coloca, na 1ª Carta aos Coríntios, 14 características do amor e a primeira é, exatamente, a paciência. E não é por acaso. Se você quiser caminhar no caminho do amor, é por aí que se deve começar. Quando crescemos na paciência, nós não nos desesperamos diante das contrariedades, estamos sempre dispostos a ajudar aquele que precisa, a nos colocar em comunidade e caminhar; nós temos sempre disposição para perdoar e acolher o outro, de ser condescendente também com as fraquezas do outro e as nossas próprias. Comecemos pela paciência e, assim, vamos entender também como ser sal da terra, luz do mundo e fermento na massa!”, concluiu Dom Wilson, que pediu a bênção de Deus sobre todos os presentes, suas famílias, comunidades, grupos, e todo o Regional Sul 4 da CNBB.

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Por Jornalista Bibiana Pignatel
Setor de Comunicação
Diocese de Criciúma

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