Conhecendo o livro dos Salmos 145 (144) – “Hino alfabético ao Senhor bondoso e amoroso”

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Conhecendo o livro dos Salmos 145 (144) – “Hino alfabético ao Senhor bondoso e amoroso”

O Salmo 145 é um hino alfabético, isto é, cada verso inicia com uma das 22 letras do alfabeto hebraico (porém, por alguma razão desconhecida, falta a letra “Nun”). Isso pode ser considerado uma técnica mnemônica, no entanto, o autor aqui deseja realçar o sentido de plenitude e totalidade (ele quer exprimir-se com “todas as letras”). Um salmo que tudo abrange, o tempo e o espaço, toda a criação, o tempo futuro, composto justamente com todas as letras do alfabeto, como que tentando reunir todas as criaturas na misericórdia divina (A. Maillot, A. Lelièvre). Essa rigidez na forma poderia encarcerar o salmo, mas o autor conseguiu ser criativo e, por meio de rimas e aliterações, compôs um poema melodioso e eufônico, cheio de cor e vigor.

O seu conteúdo se concentra nas características de Deus-Rei. A realeza divina (vv. 1.12.13) se desenvolve em uma inexaurível sequencia de atributos (majestade, justiça, bondade, clemência, amor, fidelidade, proteção, liberdade, ternura paterna…) que exprimem a sua infinita bondade e grandeza. O autor fundamenta o governo da nação em Deus, em um tempo que Israel não tinha nem monarca e nem soberania (desde o exílio). A esperança é que Deus garanta a vida, a paz, a bênção sobre todo o povo.

O título: “A oração de Davi” (v. 1), e a proeminência de verbos em 1a pessoa, fez a Tradição considerá-lo a oração por excelência do rei de Israel: “O canto começa com uma bênção, avança de bênção em bênção e termina com as bênçãos eternas” (Rupert di Deutz). Orígenes o considera o “salmo de ação de graças por excelência”; e S. Agostinho abre as suas célebres “Confissões” recitando o v. 3: “Grande és tu, Senhor, e muito digno de louvor…”.

Leia o salmo e reflita:

1) Quais atributos o salmo apresenta de Deus?

2) Qual efeito produz um salmo alfabético?

Por Pe. Gilson Meurer

Artigo publicado na edição de dezembro/2017, nº 241, do Jornal da Arquidiocese, página 08.

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