250 anos da IDES: Particularidades de sua criação

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250 anos da IDES: Particularidades de sua criação

Em 10 de junho de 1773, “50 homens instituíram a Irmandade do Divino Espírito Santo – IDES”, cuja sede inicial era junto à recém- construída Igreja Matriz da Vila de Nossa Senhora do Desterro, na Ilha de Santa Catarina. Capitão Antônio Tavares Ferreira foi seu primeiro Provedor. Na Dissertação de Mestrado em Arquitetura/UFSC de Márcia Regina Escorteganha Laner, 2007, encontramos o seguinte registro: “É de 1748 o projeto elaborado pelo Brigadeiro Engenheiro José da Silva Paes para a construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Desterro. Sua edificação deu-se de 1753 a 1773, sendo Vigário Collado o Padre Inácio José Galvão”.

D. José I – “O Reformador”, era Rei de Portugal e a população do Brasil colonial era inferior a 3,3 milhões de habitantes!

Era uma quinta-feira especial. Celebrava-se o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, mais conhecido por Corpus Christi,instituído pelo Papa Urbano IV, em 1264. Na liturgia da Festa, o Evangelho de Lucas (9) reporta-se ao “Sermão do Pão da Vida”. No versículo 14, vemos que Jesus pediu aos apóstolos que “Mandassem o povo sentar-se em grupos de cinquenta”. Além de Corpus Christi, comemora-se, nesta data, o Anjo Custódio de Portugal. Foi em 10 de junho, igualmente, que se deu a morte do poeta Luís Vaz de Camões, o gênio da literatura portuguesa, autor de Os Lusíadas. (A partir de 1978, passou a ser, também, Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas).

CONHEÇA A IDES

“Dia de Portugal, de Camões e da Lusofonia. As armas e os barões assinalados que, da Ocidental Praia Lusitana por mares nunca antes navegados, passava além da Taprobana (Início do I Canto de Os Lusíadas), Dia da identidade de Portugal, mas também dia da morte de Luís de Camões, em 1580. A Comunidade Lusófona tem hoje 300 milhões de falantes. Portugal, o primeiro mundo globalizador, juntando novos mundos ao Mundo, não pela conquista das armas, mas pelo comércio, pela evangelização e pela troca de conhecimento”.

Assim foi com o Estado de Santa Catarina e, particularmente, na Ilha de Santa Catarina. Prof. Sérgio Luiz Ferreira, em artigo sobre os “270 Anos da Presença Açoriana em Santa Catarina”, destaca que, em 1739, a Coroa portuguesa criou a Capitania de Santa Catarina, desmembrando-a de São Paulo. Foi seu primeiro governador, o Brigadeiro José da Silva Paes que, de imediato, começou a construir as fortalezas da Ilha de Santa Catarina (Anhatomirim, Ponta Grossa e Ilha de Ratones). Silva Paes trabalhara nos Açores e sabia das dificuldades que aquela população enfrentava para se manter no arquipélago.

Entre 1747 e 1753, embarcaram cerca de seis mil homens, mulheres e crianças no Porto de Angra, na Ilha Terceira com destino a Santa Catarina. Foram quatorze viagens, realizadas por seis navios diferentes. Cerca de 280 pessoas morreram na travessia. A viagem pioneira percorreu 8.000 km e durou doze dias. Doze pessoas morreram na viagem. Chegaram à baía norte da Ilha de Santa Catarina em 6 de janeiro de 1748 (Dia dos Reis Magos).

Dos Açorianos, herdamos a fé e o culto ao Divino Espírito Santo que, pelo Compromisso da IDES (Estatuto Social), temos o dever de propagar. Hoje, no município de Florianópolis, a Festa do Divino é celebrada em quatorze comunidades da Ilha e do Continente. Como reconhecimento, a Divina Festa da IDES passou a ser, em 2018, Patrimônio Cultural de Santa Catarina pela Fundação Catarinense de Cultura e pelo Município de Florianópolis.

Na Festa de Pentecostes, dia de grande alegria, o Espírito Santo foi derramado sobre os cristãos, conforme prometido nas Escrituras, marcando a expansão da Igreja, com a pregação do Evangelho em todo o mundo. É algo singular na história da Igreja Católica. (A palavra Pentecostes deriva-se do termo grego pentekoste, que significa quinquagésimo, em referência ao quinquagésimo dia depois da Páscoa).

Nos Atos dos Apóstolos (1,8), encontramos a afirmação de Jesus: “Ides receber a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas”. Assim ocorreu no “início da caminhada”, quando deu instruções aos apóstolos, até o dia em que foi levado para o céu. Como a Igreja nasceu por ação do Espírito, os Irmãos da IDES também são convocados a divulgar e testemunhar o Evangelho de Jesus, com ações de inclusão que promovam a justiça e a paz.

Ademar Arcângelo Cirimbelli
Ex-Provedor da IDES

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