A Diocese do Rio de Janeiro

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A Diocese do Rio de Janeiro

O território era grande demais para um Bispo só. Por isso, a pedido do Infante Dom Henrique, o Papa Gregório XIII papagregoriocriou a Prelazia de São Sebastião do Rio de Janeiro, a 19 de Julho de 1575. Prelazia é um território administrado por um Bispo ou Presbítero, mas sem a organização de uma diocese. É como que uma Diocese em preparação. A prelazia do Rio de Janeiro administrava todo o Sul do Brasil. Foi elevada a Diocese em 22 de novembro de 1676.

O povoamento de Santa Catarina era muito lento. A primeira Paróquia foi a de São Francisco do Sul, em 1665. A segunda Paróquia foi a de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, em 1697. No século seguinte em 1714, a Ilha de Santa Catarina tinha apenas 147 brancos, e nela foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Desterro.

A situação demográfica se alterou com a chegada de “casais açorianos” entre 1748-1753, período em que aportaram 6acores mil pessoas. Vinham das Ilhas dos Açores. Sempre em casais. Famílias bem constituídas e profundamente religiosas. Os açorianos, cujas fundações deram origem a diversas paróquias na Ilha e no Continente, mantiveram viva a tradição da fé, com suas devoções da Semana Santa, do Divino, dos Ternos de Reis, as mesmas já cultivadas pelos bandeirantes paulistas fundadores do Desterro, Laguna, São Francisco e, depois, Lages.

Com os açorianos vieram alguns padres, num gesto solidário de acompanhar seus paroquianos. Outros vinham de Portugal e outros eram daqui mesmo. Às vezes, acontece que algumas Paróquias não têm vigários, nem sempre por falta de padre. Ou era a situação de penúria que afastava possíveis candidatos, ou era o processo de escolha.

Quando uma Paróquia vagava, abria-se concurso. Os habilitados prestavam exames e recebiam o cargo de “Vigário Encomendado” por um ano, podendo ser renovado. Após um novo exame, poderia ser promovido a “Vigário Colado”, isto é, vitalício. Outros ficavam Vigários Coadjutores. Outros, sem cargo nenhum. O Rei pagava muito mal os padres: tinham de construir sua casa, manter-se com uns miseráveis e atrasados soldos. Como diversos não tinham muita formação ou base espiritual, empregavam-se no governo, compravam fazendas, recolhiam-se à vida particular, de vez em quando reaparecendo. Contudo, apesar desse pouco caso do Rei pela Igreja, pela demora em construir e reformar matrizes, a fé se mantinha, muito mais em tradições do que num verdadeiro espírito eclesial. Mas, como poderiam fazer diferente se não havia quem pregasse a Palavra?

O Bispo do Rio de Janeiro estava muito distante para ver as coisas “in loco”. Mandava um “Missionário Apostólico”. A primeira visita Pastoral à Província de Santa Catarina foi em 1815, a segunda em 1845 e a terceira, em 1895!
Para solucionar de certa forma o problema, foi criado o Arciprestado de Santa Catarina, a 2 de abril de 1824. O Arcipreste tinha poderes extraordinários de governo: podia nomear vigários, dar dispensas, resolver problemas que requereriam muito tempo, caso fosse esperar por uma resposta do Rio de Janeiro.

É bom não esquecer que o Estado durante três anos (1746-1749) pertenceu à Diocese de São Paulo (criada em 1709), depois retornando à administração do Rio de Janeiro. A região do Planalto por mais tempo dependeu de São Paulo, pois Lages foi fundação bandeirante e era caminho entre Sorocaba e os campos de Viamão.

Fonte: Pe. José Artulino Besen – Jornal da Arquidiocese, Março/07, Pág 09

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