Amor Apaixonado – Por Pe. Vitor Feller

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Amor Apaixonado – Por Pe. Vitor Feller

O capítulo IV de Amoris Laetitia é um verdadeiro tratado sobre o amor no casamento e na família. Depois comentar o hino à caridade e de propor indicações para o crescimento no amor conjugal e familiar, o papa Francisco fala sobre a paixão do amor. Inicia recordando que os grandes santos do cristianismo encontraram no amor conjugal as melhores expressões para falar do amor divino e sobrenatural. Por sua dimensão de totalidade, que envolve corpo, espírito, sexualidade, afeto, o amor conjugal é um sinal humano do amor divino.

O CUIDADO COM AS EMOÇÕES

Desejos, sentimentos, emoções fazem parte da vida humana e, portanto, do casamento. Na relação com o próximo, somos tomados por emoções. Também Jesus as teve: sofreu com a rejeição de Jerusalém, compadeceu-se da multidão atribulada, comovia-se e perturbava-se com o sofrimento dos doentes, chorou a morte do amigo Lázaro, irou-se com os vendilhões do templo. Experimentar uma emoção é normal. Sentir algum desejo ou repulsa não é em si algo pecaminoso ou censurável. O que pode ser bom ou mau é o ato que se faz movido por uma emoção ou paixão. Daí a necessidade de cuidar das emoções.

DA EMOÇÃO PARA A AÇÃO

O que conta são as ações. Diz o papa: “Se os sentimentos são alimentados, procurados e, por causa deles, cometemos más ações, o mal está na decisão de alimentá-los” (AL, 145). Importa, pois, usar nossas emoções, controlando-as e orientando-as para a prática das boas ações. Viver só de emoções pode levar ao egocentrismo dos próprios desejos. O que conta no amor não são as emoções, mas as decisões e as ações. É claro que, se uma paixão acompanha o ato livre, pode haver maior profundidade e empenho neste ato de amor. Por isso, “o amor matrimonial leva a procurar que toda a vida emotiva se torne um bem para a família” (AL, 146).

A ALEGRIA DO AMOR EMOTIVO

Há quem acuse o cristianismo de tornar a vida amarga e de não apreciar a felicidade proveniente do sexo, do corpo, do eros. Na verdade, a fé cristã nunca rejeitou o eros, mas, sim, a sua falsa divinização, sua idolatrização. Pois “o excesso, o descontrole, a obsessão por um único tipo de prazer acabam por debilitar e combalir o próprio prazer, e prejudicam a vida em família” (AL 148). Há uma dimensão emocional e erótica do amor que precisa, até, ser valorizada.

Publicado na edição de julho/2017, nº 236, do Jornal da Arquidiocese.

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